segunda-feira, outubro 31, 2005

Elevador Espacial

O primeiro protótipo de um elevador espacial foi apresentado, sem muito alarde, no último final de semana. Tirando energia de células fotoelétricas alimentadas por um holofote, o robô SnowStar One subiu 6 metros, durante um concurso patrocinado pela Nasa. Antes que me perguntem: um “elevador espacial” é exatamente o que o nome diz, um veículo que sobe e desce por um cabo, só que com o cabo esticado entre o chão e um contrapeso no espaço – um asteróide, por exemplo, ou uma estação espacial.

Elevadores são relativamente comuns na literatura de ficção científica (depois que Arthur C. Clarke usou a idéia no romance As Fontes do Paraíso, de 1978), e existem como conceito teórico desde o século XIX. Até pouco tempo atrás, no entanto, eles eram impossíveis, e por uma simples razão: cálculos mostravam que a espessura e o peso do cabo necessário para elevar cargas significativas até o espaço eram proibitivos. Avanços em tecnologia dos materiais, no entanto, colocaram o elevador espacial na esfera das coisas factíveis – ainda que não exatamente fáceis.

Como mostra a heróica viagem de 6 metros do SnowStar One. O robô, mesmo entrando para a história, não foi longe o bastante para conquistar o prêmio de US$ 50.000 oferecido pela Nasa. A meta da competição era criar um robô movido a luz capaz de escalar um cabo de 61 metros. Outro competidor, do Space Design Team, chegou a 12 metros, e também não conseguiu levar o dinheiro para casa.

A competição de elevadores ocorreu no Centro de Pesquisa Ames da Nasa, e incluiu também um prêmio para cabos – que, afinal, sempre representaram o principal desafio para a tecnologia dos elevadores. A competição de cabos foi menos dramática que a dos robôs: todos os cabos produzidos pelos competidores foram esticados ao mesmo tempo, e ganharia o que suportasse 50% mais pressão que o feito com o melhor material encontrado pela Nasa, o “cabo da casa”. De novo, ninguém levou o prêmio de US$ 50.000.

Ano que vem haverá outra rodada da competição, com metas mais ambiciosas e um prêmio de US$ 200.000 em cada categoria.

Elevadores espaciais, se se provarem viáveis, terão várias vantagens sobre os foguetes, que hoje são o único meio de levar gente e material para fora da atmosfera. A principal é que o elevador, alimentado do solo, não precisa carregar o próprio combustível. Foguetes, por outro lado, deslocam mais combustível do que carga útil.

Agora, pense numa roda virando: um ponto no aro externo gira mais depressa que um ponto mais perto do eixo, já que os dois pontos dão uma volta inteira ao mesmo tempo, mas o comprimento do círculo no aro externo é maior que o do círculo próximo ao eixo.

Pelo menos princípio, a ponta “de cima” do elevador espacial vai estar girando com uma velocidade maior que o planeta Terra lá em baixo, o que significa que cargas (e astronautas) que chegarem ao topo do cabo poderão já ter quase todo o impulso necessário para seguir viagem rumo a outros destinos, economizando combustível mais uma vez.

As viagens espaciais mal começaram e já estão prestes a mudar.

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