sexta-feira, novembro 25, 2005

Ministros brasileiros se venderam para a Microsoft

A denúncia é de Richard Stallman, guru da informática e um dos criadores da Fundação do Software Livre.

Em entrevista à Agência Brasil, o guru da informática Richard Stallman disse que o o programa brasileiro de adoção do projeto do software livre está sendo esvaziado por “traidores”.

Stallman insinuou que alguns ministros do governo Lula se renderam a ofertas da Microsoft, inimiga número um do movimento que abre o código fonte de programas de computadores para análise de desenvolvedores de todo os quadrantes do planeta.

“Um ministro se vender para uma empresa como a Microsoft é como se vender para outro país. É traição", declarou Stallman aos repórteres Lana Cristina e Spensy Pimentel, sem dar nome aos bois.

Para o criador da Fundação do Software Livre, o modelo de negócio não-proprietário é uma forma de promover a inclusão digital. "Adotar o software livre é como encorajar a sociedade a buscar liberdade", ele afirmou.

Na semana passada, Stallman recebeu um prêmio das mãos do ministro da Cultura Gilberto Gil, representante oficial do Brasil na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, que aconteceu recentemente em Túnis, capital da Tunísia.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Libertando-se da prisão da internet


Por Theodor Holm Nelson


Theodor Nelson durante aula na PUC-SP

Para o pai do hipertexto, a informática limita a criatividade e emburrece os usuários


O pessoal da informática não entende os computadores. Bem, eles entendem a parte técnica, sim, mas não entendem as possibilidades. Principalmente, eles não entendem que o mundo dos computadores é totalmente feito de arranjos artificiais e arbitrários.

Editor de textos, planilhas, bancos de dados não são fundamentais, são apenas idéias diferentes que diversas pessoas elaboraram, idéias que poderiam ter uma estrutura totalmente diversa. Mas essas idéias têm um aspecto plausível que se solidificou como concreto em uma realidade aparente. Macintosh e Windows são parecidos, portanto essa deve ser a realidade, certo?

Errado. Apple e Windows são como Ford e Chevrolet (ou talvez os gêmeos Tweedledum e Tweedledee), que em sua co-imitação criam uma ilusão que parece realidade.

O pessoal dos computadores não entende os computadores em todas as suas inúmeras possibilidades; eles acham que as convenções atuais são como as coisas realmente são, e é isso que eles dizem a todas as suas novas vítimas.

O chamado "treinamento em informática" é uma ilusão: eles ensinam à pessoa as estranhas convenções e esquemas atuais (Desktop? Isso parece uma mesa de trabalho? Uma mesa vertical?) e dizem que é assim que os computadores são. Errado.

Os esquemas atuais dos computadores foram inventados em situações que variavam das emergências à academia, e foram empilhados em um conjunto aparentemente racional. Mas o mundo da tela poderia ser qualquer coisa, não apenas uma imitação do papel.

No entanto, todo mundo parece pensar que os projetos básicos estão concluídos. É como dizer: "Espaço, já fomos lá!" -alguns centímetros de exploração e há quem pense que terminou.


Alternativas gráficas

Qualquer tipo de gráfico é possível; mas o termo "GUI", abreviação de Graphical User Interface, é usado para apenas um tipo de interface gráfica do usuário: a visão de ícones e janelas criada na Xerox Parc no início dos anos 70. Há milhares de outras coisas que uma interface gráfica do usuário poderia ser. Por isso não deveríamos chamar a atual interface padrão de GUI, já que não foram examinadas alternativas gráficas; é uma PUI (Parc User Interface), quase exatamente igual à que fizeram na Parc 25 anos atrás.

O mundo em que você está sendo criado tem a aparência de realidade; poderá levar décadas para ser desaprendido. "Crescer" significa em parte descobrir o que está por trás das falsas suposições e representações do dia-a-dia, de modo que você finalmente entenda o que realmente está acontecendo e o que realmente significam ou não as conversas educadas. Mas nossos instrumentos de informática também precisam ser uma mentira que deve ser desaprendida?

A conhecida história sobre a Xerox Parc, de que eles tentaram tornar o computador compreensível para o homem comum, é uma enganação. Eles imitaram o papel e as máquinas de escritório conhecidas porque era isso que os executivos da Xerox conseguiam entender. A Xerox era uma companhia devoradora de papel, e todos os outros conceitos tinham de ser passados para o papel para se tornar visíveis nesse paradigma.

Mas quem se importa com o que a Xerox fez com seu dinheiro? Aquilo era coisa de laboratório. Foi Steve Jobs quem orientou o trabalho da Parc para o mal. Ele pegou uma equipe da Parc e fez um trato com o demônio, e esse trato foi chamado de Macintosh.


Pacto com o diabo

Ainda há milhões de pessoas que acreditam que o Macintosh representa a libertação criativa. Por essa incrível conquista propagandística podemos agradecer à firma de publicidade Regis McKenna, que vendeu o Macintosh para o mundo (a partir do famoso comercial de 1984) como algo que destruía a prisão do PC. Na verdade o Macintosh era uma prisão redesenhada. E a arquitetura dessa prisão foi fielmente copiada para o Windows da Microsoft em cada detalhe.

Imagine que lhe dessem a MTV e em troca tirassem seu direito de votar? Você se importaria? Algumas pessoas sim. É como eu vejo o mundo dos computadores hoje, a começar pelo Macintosh. O Macintosh nos deu fontes bonitas para brincar e ferramentas de artes gráficas que antes eram inatingíveis, exceto nos ricos domínios da publicidade e da produção de livros de luxo. Essas fontes e ferramentas gráficas foram um grande presente.

Mas ninguém parece ter notado o que o Macintosh excluiu. Ele excluiu o DIREITO DE PROGRAMAR. Quando você comprava um Apple II, podia começar a programá-lo desde o início. Tenho amigos que compraram o Apple II sem saber o que era programação e tornaram-se programadores profissionais quase da noite para o dia. O sistema era limpo, simples e permitia que você fizesse gráficos.

Mas o Macintosh (e agora o Windows PC) são outra história. E a história é simples: PROGRAMAÇÃO É SÓ PARA OS "DESENVOLVEDORES" OFICIAIS REGISTRADOS. Os Desenvolvedores Oficiais Registrados, que fizeram acordos com a Apple e depois com a Microsoft, são os únicos que podem fazer a mágica hoje. Isso não é da natureza intrínseca dos computadores atuais. É da natureza intrínseca dos negócios atuais. Negocie com a Apple ou a Microsoft, pague-lhes em dinheiro ou outros favores, e eles deixarão você saber o que precisa para criar "aplicativos".

Esse chamado “aplicativo” foi outro nível do pacto com o diabo. Antigamente, você podia rodar qualquer programa com qualquer dado, e se não gostasse dos resultados os jogava fora. Mas o Macintosh acabou com isso. Você não possuía mais seus dados. ELES possuíam seus dados. ELES escolhiam as opções, já que você não podia programar. E você só podia fazer o que ELES permitissem -os ungidos desenvolvedores oficiais.

Esse novo tipo de aplicativo foi uma prisão, ou talvez devamos dizer um curral. Primeiro você está em UM curral, um primeiro aplicativo, depois eles o levam de ônibus para OUTRO curral, com outro conjunto de regras -um segundo aplicativo. Você pode transferir alguns dos seus dados entre esses aplicativos, mas não serão a mesma coisa. O amplo controle dos eventos que os programadores têm é negado aos usuários.

O mundo atual dos computadores, arbitrariamente construído, também se baseia na simulação de papel, ou WYSIWYG (sigla inglesa para “What you see is what you get” - "O que você vê é o que você recebe").

É aí que estamos empacados no modelo atual, em que a maioria dos softwares parece ser mapeada em papel (WYSIWYG geralmente significa que você receberá o que vê quando IMPRIMIR). Em outras palavras, o papel é o coração da maioria dos conceitos de software atuais.

Esse também foi um legado chave da Xerox Parc. Os caras da Parc ganharam muitos pontos da direção da Xerox ao fazer o "documento eletrônico" IMITAR O PAPEL -em vez de ampliá-lo para incluir e mostrar todas as conexões, possibilidades, variações, parênteses, condicionantes que estão na mente do autor ou do orador; em vez de apresentar todos os detalhes que o repórter enfrenta antes de cozinhá-los.

Uma parte disso também foi a abordagem dos "tekkies" ao comportamento do software. A simulação de papel funcionava bem com a abordagem tekkie. Muitos tekkies têm uma abordagem retangular e fechada das coisas que para outros pode parecer desajeitada, obtusa, analógica.

A visão tekkie é geralmente a mentalidade do trabalhador braçal: primeiro você faz este serviço, depois faz aquele serviço, tudo o que lhe mandarem; os parâmetros são dados e não mudam; e quando você termina o trabalho que lhe atribuíram, passa para o próximo trabalho da lista. Nenhuma dessas restrições tem a ver com o tipo de criatividade que os escritores buscam. Mas a maioria dos tekkies não entende de escrita, ou de palavras.


A suposta natureza dos computadores

Os tekkies não sabem escolher a palavra certa, ou o nome certo. Eles parecem pensar que qualquer nome serve; e aquilo que o usuário escolher o limitará para sempre. Essa torna-se a Natureza dos Computadores. Supostamente.

Uma das conseqüências é o software para escritório -incrivelmente desajeitado, com operações lentas e pedestres. Pense em quanto tempo demora para abrir e dar nome a um arquivo e um novo diretório. Enquanto isso, o software de videogame é ágil, rápido, vivo.

Por que isso acontece?

Muito simples. Os caras que criam videogames gostam de jogar videogames. Enquanto ninguém que cria software para escritório parece se importar em usá-lo, quanto menos pretende usá-lo em grande velocidade.

Não estou falando das "interfaces". Assim que você concorda em falar sobre a "interface" de alguma coisa já aceitou sua estrutura conceitual. Estou falando de algo mais profundo -novas estruturas conceituais que não são mapeadas em papel, não são divididas em hierarquias.

O mesmo vale para as "metáforas", no sentido de comparações com objetos familiares como mesas de trabalho e cestos de lixo. Assim que você traça uma comparação com algo conhecido, é atraído para essa comparação -e fica preso à semelhança. Enquanto se você entrar no projeto de formas livres -virtualidades livres, digamos-, não fica preso a essas comparações.

Houve alguns poucos ambientes que eram abstratos e completamente diferentes de papel. O Canon Cat de Raskin, o HyperCard (em sua época). Meu espaço abstrato preferido é o jogo Tempest, de Dave Theurer, que não parecia com nada que você já viu.

Agora considere a World Wide Web. Apesar de alguns de nós estarmos falando em hipertexto em escala planetária há anos, ela surgiu como um choque quase generalizado. Poucos notaram que ela diluía e simplificava a idéia do hipertexto.

O hipertexto, como foi repentinamente adaptado para a internet por Berners-Lee e depois Andreessen, ainda é o modelo do papel! De suas longas folhas retangulares, adequadamente chamadas de "páginas", só se pode escapar por links de mão única. Não pode haver anotações à margem. Não pode haver notas (pelo menos não na estrutura profunda).

A web é a mesma prisão de quatro paredes do papel que o Mac e o Windows PC, com a menor concessão possível à escrita não-seqüencial ("escrita não-seqüencial" foi minha definição original de hipertexto em 1965) que um chauvinista da seqüência-e-hierarquia poderia ter feito.

Enquanto o Projeto Xanadu, nosso plano original que foi derrotado pela web, baseava-se amplamente em links de mão dupla, por meio dos quais qualquer pessoa poderia anotar qualquer coisa (e pelos quais os pensamentos podiam se ramificar lateralmente sem bater nas paredes).

Ainda mais estranho é o conceito de "browser". Pense nisso -uma visão serial de um universo paralelo! Tentar compreender a estrutura em grande escala de páginas da web interligadas é como tentar olhar para o céu à noite (pelo menos nos lugares onde as estrelas ainda são visíveis) através de um canudo de refrigerante. Mas as pessoas estão habituadas a esse "browser" seqüencial; hoje ele parece natural; e hoje esse browser talvez seja mais padrão do que as estruturas que ele vê e os protocolos cambiantes que as mostram.

Sinto uma certa culpa em relação a isso. Acredito que foi em 1968 que apresentei o projeto completo de Xanadu em duas mãos para um grupo de universidade, e eles o rejeitaram como "delirante"; então eu o emburreci para links de mão única e somente uma janela visível.

Quando me perguntaram como o usuário navegaria, sugeri uma pilha recorrível de endereços visitados. Acho que esse emburrecimento, através dos vários caminhos de projetos que se imitam, tornou-se o design geral de hoje, e realmente sinto muito por minha participação nele.

Chega! Está na hora de algo completamente diferente.


Sistemas de amarras

Acredito que podemos dobrar uma esquina para um mundo de computadores com muito mais liberdade e produtividade, com novas estruturas de forma livre, diferentes do papel. Espero que estas simplifiquem e acelerem muito o serviço dos trabalhadores da prosa (os que usam texto sem fontes, como autores, advogados, roteiristas de cinema, redatores de discursos etc.).

Mas devemos derrubar os atuais sistemas de amarras, aos quais muitos clientes e fabricantes estão ligados. Devemos derrubar o modelo do papel, com sua prisão de quatro paredes e buraco de fechadura -os links de mão única.

Finalmente, devemos derrubar a tirania do arquivo -no sentido de pedaços fixos com nomes definitivos. Embora os arquivos estejam necessariamente em algum nível, os usuários não precisam vê-los, e muito menos precisam dar a seus projetos nomes e localizações imutáveis.


A criatividade humana é fluida, sobreposta, entremeada, e os projetos criativos muitas vezes ultrapassam suas margens (vale a pena lembrar que "King Kong" começou como um documentário sobre a caça de gorilas). É possível que toda a indústria dos computadores seja um bando de imperadores nus? A indústria de software tem um enorme investimento nessa prisão atual. Assim como os "usuários experientes" das "ferramentas de produtividade" de hoje.

Mas os novos usuários de amanhã, não.



Theodor Holm Nelson
É criador do projeto Xanadu e do hipertexto. É professor das universidades Keio e de Southampton. Ele veio ao Brasil a convite do File e da PUC-SP, com apoio do CNPq.

sábado, novembro 19, 2005

Projeto cria cadastro de internautas para inibir crime

Os usuários de internet no Brasil deverão ser cadastrados, e os registros das correspondências eletrônicas armazenadas durante um período pelos provedores de internet. É o que prevê o projeto de lei do senador Delcídio Amaral (PT-MS), que foi discutido hoje em audiência pública na Comissão de Educação.

A proposta tem como objetivo estabelecer algum tipo de controle sobre o que é veiculado na internet e facilitar a apuração de crimes cometidos na rede mundial de computadores, explicou Amaral.

O presidente da Abranet (Associação Brasileira de Provedores de Acesso de Serviços e Informações da Rede de Internet), Antônio Alberto Tavares, informou que os provedores têm interesse em ajudar no trabalho da Justiça, por isso a associação chegou a assinar convênio com o Ministério Público Federal a fim de facilitar o acesso e a busca de informações nas investigações. Ele destacou, no entanto, que o sigilo dos usuários deve ser preservado.

Ao discutir o projeto hoje, Tavares disse que o prazo de dez anos, previsto na proposta original para que as informações sobre origem e destino das mensagens transmitidas na internet fiquem armazenadas é exagerado. Segundo ele, três anos para a guarda de informações seriam suficientes.

Para o chefe do Serviço de Perícias em Informática do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, Paulo Quintiliano, a ausência de um cadastro de usuários atrapalha as investigações.

Apesar de reconhecer que a maioria dos crimes da internet é praticada utilizando endereços eletrônicos de provedores estrangeiros, fora do alcance da legislação brasileira, ele defendeu a criação do cadastro e a manutenção das informações sobre as correspondências por cinco anos.

"Nós temos que fazer a nossa parte", disse Quintiliano ao comentar que uma legislação brasileira sobre o assunto pode motivar outros países a fazerem o mesmo.

Ele também alertou os senadores da comissão para a necessidade identificação dos usuários de cyber cafés ou pontos de internet localizados em locais públicos, como aeroportos.

Segundo ele, a investigação da polícia fica ainda mais complexa quando os crimes na internet são praticados a partir desses locais, pois "o anonimato é praticamente garantido".

O coordenador do Comitê Gestor da Internet do Brasil, Marcelo de Carvalho Lopes, disse concordar com a criação do cadastro, e destacou que o setor trabalha para criar um fórum internacional de controle para combater os crimes na internet. "Devemos consolidar uma legislação e sair na vanguarda do controle", defendeu.

Ele avaliou, no entanto, que exigir co-responsabilidade dos provedores na veracidade das informações prestadas é "inadequado, exagerado e inexeqüível".

Diferente do que prevê o projeto, que aponta a Anatel como possível órgão fiscalizador para a internet, Lopes defendeu a auto-fiscalização do setor.

O próprio presidente interino da Anatel, Plínio Aguiar, que também participou da audiência, disse que a agência não tem competência legal para fiscalizar ou regular o acesso à internet, que é um serviço de valor adicionado, e não de telecomunicações.

O presidente da Abranet destacou, no entanto, que a agência deveria estar presente no setor para proteger os provedores, que são usuários das redes de telecomunicações.

Tanto o autor do projeto quanto o seu relator, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), concordaram que a proposta precisa de ajustes técnicos que serão feitos com o apoio do próprio Comitê Gestor da Internet, mas defenderam a aprovação do projeto.

Para quem não conhece Delcídio Amaral segue abaixo uma pequena descrição que pode ser encontrada no Wikipédia:


Delcídio Amaral é o nome parlamentar de Delcídio do Amaral Gómez, engenheiro eletricista e político brasileiro.Nascido na cidade sul-mato-grossense de Corumbá no dia 8 de fevereiro de 1955, entrou na vida pública em março de 1994, quando foi ocupar a secretaria executiva do ministério das Minas e Energia.Deixou o posto em setembro do mesmo ano, quando foi nomeado pelo então presidente Itamar Franco como ministro de Minas e Energia, até janeiro de 1995.No dia 6 de outubro de 2002, foi eleito senador pelo PT, e empossado em fevereiro de 2003 com mandato até fevereiro de 2011.Chegou à liderança da bancada do partido no Senado Federal. O destaque o levou a ser indicado para presidir a CPI dos Correios, comissão parlamentar de inquérito para apurar as denúncias envolvendo a estatal, mas que acabou sendo usada para fazer investigações sobre o escândalo do mensalão.

Delcídio Amaral também é autor do controverso projeto de lei que pretende armazenar durante um período de no mínimo 3 anos todas as mensagens eletrônicas que tenham como origem ou destino provedores de Internet Brasileiros.

Segundo Amaral, o projeto tem como objetivo estabelecer algum tipo de controle sobre o que é veiculado na Internet e facilitar a apuração de crimes cometidos na rede mundial de computadores.

Algumas pessoas no entanto acreditam que o projeto é pífio pois basta que o usuário utilize um servidor de e-mail baseado no exterior para que a mensagem não possa ser interceptada, além do projeto ser considerado um atentado a privacidade do usuário.

Contudo Délcio Amaral, um adorador de Stalin e seguidor da descridibilizada seita "Partido dos Trabalhadores - PT" acredita que o preço da liberdade é a eterna vigilância.

Na melhor das hipóteses o projeto não passa de uma patrulha ideológica com nova roupagem.


quinta-feira, novembro 17, 2005

Laptop de US$ 100

O Instituto de Tecnologia de Massachusett (MIT) apresentou o laptop de US$ 100 na Cúpula Mundial sobre a Sociedade de Informação, que está acontecendo na Tunísia. As máquinas foram criadas para serem usadas por milhões de alunos em todo o mundo. O Brasil poderá ser um dos primeiros a usar o equipamento que tem o tamanho aproximado de um caderno e é verde brilhante.


Laptop foi criado pensando na educação das crianças dos países pobres

O laptop foi demonstrado pelo diretor do Media Lab do MIT, Nicholas Negroponte. "Essas máquinas robustas e versáteis permitirão que as crianças sejam mais ativas ao aprender", disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan.








O laptop opera a uma velocidade de 500 MHz, cerca da metade da velocidade de processamento dos laptops comerciais, e será equipado com o sistema operacional Linux ou algum outro sistema gratuito.

Ele pode ser armado de maneiras diferentes para servir como um livro eletrônico, uma televisão ou um computador. Uma manivela amarela que sai do lado do aparelho serve como fonte de energia alternativa quando não há baterias ou uma tomada - um minuto de manivela garante pelo menos dez de conexão.

O computador usa uma tela de um player de DVD portátil. A tela, normalmente colorida, pode ser mudada para branco e preto a fim de ser visualizada com mais facilidade sob a luz do sol, disse Mary Lou Jepsen, que participou do projeto.

Negroponte destacou que a idéia é distribuir gratuitamente esses laptops para crianças de países pobres. Quem paga pelas máquinas: governos, que devem comprá-las, e doadores, mas a propriedade será das crianças. "A propriedade dos laptops é algo fundamental. Você já lavou algum carro alugado na sua vida?", perguntou o cientista.

Negroponte contou que, além do Brasil, Tailândia, Egito e Nigéria são candidatos a receber as primeiras dessas máquinas a partir de fevereiro ou março de 2006 e cada um deles comprará ao menos 1 milhão de unidades. O laptop ainda não está sendo produzido, mas uma empresa ofereceu-se para fabricá-lo por US$ 110 e outras quatro estão avaliando a proposta, acrescentou.

Um programa de fornecimento de laptops gratuitos implementado no Estado do Maine (EUA) aumentou o comparecimento às aulas e melhorou a participação dos alunos, afirmou Negroponte. O cientista acrescentou que as máquinas poderão ser vendidas comercialmente por um preço mais alto, por cerca de US$ 200.

Homem conserta computadores em troca de sexo

Um homem de 34 anos de Sacramento, California, oferece o reparo de computadores em troca de sexo, e garante: está obtendo retorno. Em entrevista ao site Sync, "Ray Digerati" declarou que teve a idéia depois de ajudar uma mulher "bastante atraente" que estava enfrentando problemas com a conexão à Internet. Então, ele colocou um anúncio no Craig's list, um dos principais classificados online dos Estados Unidos.

Desde então, Ray garante que não parou mais de trabalhar. "A maioria das chamadas que eu recebo é para remover virus e spyware. Uma mulher sequer esperou eu terminar o trabalho", conta. Quando perguntado se tinha uma tabela de preços, ele declarou que não. Mas ele considera um orgasmo por duas horas de trabalho o suficiente. "Se é alguma coisa que eu consigo arrumar em 15 minutos, gosto de uma massagem nos pés", explica.



O "gigolô de TI" também não pede para ver as fotos das clientes, antes de aceitar o trabalho. "Tenho a mente aberta, sou exigente em relação à higiene, mas não faço discriminação", justifica. Mas Ray não atende homens da mesma maneira. Neste caso, ele cobra em dinheiro.

O anúncio de Ray está no endereço abaixo:
sacramento.craigslist.org/cps/109646578.html

Acho que vou abrir uma loja de informatica!! rsrs

terça-feira, novembro 15, 2005

Criança suja, criança saudável

Segundo os psiquiatras e psicólogos infantis, "uma criança que não brinca, não é uma criança saudável". Os pequenos necessitam viver o caos para encontrar a ordem e explorar o mundo que os cerca, um processo no qual não costumam ficar muito limpos, mas no qual começam uma busca que os leva a consolidar sua identidade, segundo os especialistas.


Segundo os psiquiatras e psicólogos infantis, "uma criança que não brinca, não é uma criança saudável"

Para os especialistas da Associação Internacional pelo Direito da Criança de Brincar (IPA, na sigla em inglês), "a brincadeira é a atividade primordial na infância de todo ser humano. Através desta atividade se desenvolve o amadurecimento, aprende-se, vive-se o risco, cria-se e transforma-se a realidade".

Segundo os especialistas, algumas atividades lúdicas contrárias à higiene como pular em poças d¿água, caminhar pela lama, subir em árvores, brincar com areia, remover a terra para procurar insetos, descobrir "um tesouro" ou deslizar sobre a grama, fortalecem o sistema imunológico das crianças, desde que não representem perigo, certamente.

Eles sustentam que a sujeira que tinge as crianças da cabeça aos pés quando brincam ou fazem esporte, fortalece seu sistema imunológico, aguça seus reflexos, melhora a aprendizagem e favorece que interajam com seus semelhantes. O ser humano cresce cercado de agentes patógenos que causam doenças, como os germes, mas também ajudam o sistema natural de defesa a se desenvolver de forma saudável.

Além disso, sujar-se é a única forma com que os pequenos possam se concentrar nos verdadeiros objetivos da brincadeira e do esporte: explorar, sociabilizar, aprender, concentrar-se, adquirir flexibilidade e integrar-se, entre outros. O doutor Richer reconheceu que até há pouco reagia com uma rejeição diante da palavra sujeira e sua mente de especialista na saúde lhe dizia que a falta de higiene era sinônimo de doenças.

Ele explica que os seres humanos sentem uma natural repulsa perante o sujo e isso é ensinado para as crianças. Mas "nem toda a sujeira é negativa, e inclusive a necessitamos". "Para conhecer as coisas necessitamos tocá-las", defende Richer e isso é o que fazem as crianças ao se aproximarem do mundo, um lugar onde há terra, barro, água suja. Inclusive existe uma hipótese científica segundo a qual aquelas crianças que se relacionam com a sujeira desde cedo desenvolvem mais defesas perante as alergias e outras doenças.

E mais: o efeito que causa na criança não poder se sujar em sua descoberta do mundo é maior, já que assim "perde o benefício da atividade, estará tão preocupado de não se sujar que não aprenderá a brincar", afirmou o especialista de Oxford. Dado que "nos desenvolvemos em um meio ambiente sujo, necessitamos uma estrutura orgânica para poder enfrentá-lo", disse o professor Richer.

Um dos mecanismos de defesa para consegui-lo consiste em evitar todo contato com aquilo que contém elementos patógenos e pode transmitir uma doença, por meio do asco, uma emoção que faz com que nos afastemos daquilo que nos desagrada. Outro meio defensivo é o sistema imunológico, que ataca os agentes que causam infecções e reações alérgicas.

Segundo o especialista britânico, sujar-se com terra do chão e estar exposto a seus micróbios permite que o sistema imunológico os "conheça" sem desenvolver hipersensibilidade. Isto se deve ao trabalho de células defensoras, as células T reguladoras, que sensibilizam ou tornam menos reativo o sistema imunológico.

Além disso, cada vez que uma criança tem contato com o meio ambiente tem sensações que, ao serem processadas, contribuem para o seu crescimento intelectual. Mas às vezes, os pais sustentam um falso conceito do que é a sujeira, evitando que os pequenos entrem em contato com a Natureza, o que vai contra suas necessidades naturais.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Japonesas terão sutiã 'quente e contra o aquecimento global'

Sutiã que esquenta
Modelo vem com gel que pode ser aquecido no microondas
A fábrica de lingerie Triumph está lançando no Japão um sutiã que esquenta e que, segundo a empresa, além de ajudar a enfrentar o inverno, vai colaborar com a luta contra o aquecimento global.

A nova peça tem um enchimento feito à base de gel que pode ser facilmente aquecido no microondas ou com uma garrafa de água quente.

A empresa espera que o novo produto caia no gosto das japonesas, apesar de, por razões óbvias, ser mais volumoso que os sutiãs normais.

"Esperamos que isso não apenas ajude a evitar o aquecimento global, mas que também deixe mais chique o ambiente de trabalho", disse a Triumph em um comunicado.

As vendas ainda não começaram - por enquanto, o sutiã que esquenta tem sido apresentado apenas como um protótipo.

Cachecol

As alças do novo sutiã são recobertas por um material macio que imita a lã e podem ser enroladas no pescoço como se fossem um cachecol.

O lançamento da Triumph acontece após o governo do país ter iniciado uma campanha para convencer os japoneses a evitar exageros no uso da calefação em suas casas no inverno.

A população tem sido aconselhada a não elevar a temperatura de seus aquecedores acima de 20º C, a fim de reduzir o consumo de combustível e minimizar os danos ao meio ambiente.

O novo sutiã, que é produzido apenas na cor branca, tem como adorno na frente um pingente em formato de pimenta malagueta.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Patentes de software

São um problema para desenvolvedores e empresas pequenas.

Patentes são uma coisa boa. Elas concedem a um inventor um monopólio (por um tempo limitado) sobre suas invenções. Isso serve como um incentivo financeiro para que esse inventor considere economicamente viável continuar inventando coisas úteis para a sociedade em geral em vez de abrir mais uma cerveja e mudar o canal da televisão. O ponto-chave é que, para patentear alguma invenção, você precisa, primeiro, inventá-la.

O que pode parece óbvio à primeira vista, não é. É importante avisar: eu não sou um advogado e não entendo mais desse assunto do que qualquer leigo munido de curiosidade possa aprender em relativamente pouco tempo. Por favor, não tomem minhas palavras como aconselhamento jurídico. Eu sou tão competente para dar assessoria jurídica quanto sou para fazer um bypass cardíaco e, acredite, você não vai querer me ver com um bisturi na mão. Assim sendo, vamos lá.

Aqui no Brasil, felizmente, um inventor não pode patentear apenas idéias. Para que tenha o direito de patentear algo, ele precisa, no mínimo, desse "algo". Patentes como a famosa "one click shopping" da Amazon.com (que impedem que outras lojas americanas tenham o mesmo mecanismo), do algoritmo de compressão LZW (da Unisys, usado em arquivos .GIF, por exemplo) ou do "duplo clique em PDAs", da Microsoft, não têm sustentação aqui no Brasil.

Não têm porque se referem apenas a idéias e processos.

Patentear idéias é ruim?

"Se todos tivessem entendido o jeito como patentes seriam concedidas na época em que a maioria das idéias atuais foram inventadas e as tivesse patenteado, a indústria estaria completamente paralisada... A solução é patentear tudo o que pudermos. No futuro, toda nova empresa sem nenhuma patente própria será obrigada a pagar qualquer preço que grandes empresas impuserem. Esse preço poderá ser alto. Empresas estabelecidas têm o interesse de eliminar futuros competidores."

Bill Gates, memorando interno, 1991

O problema com patentear idéias que jamais serão usadas pelo seu inventor é que você nunca sabe quando você vai pisar em uma. Patentes de software são descritas como "minas terrestres para programadores".

Patentes-submarino

O principal propósito militar de um submarino é o de cumprir suas missões sem ser detectado. Seus alvos não têm idéia de que ele estava lá até que estejam removendo escombros e apagando incêndios. Muitas vezes, patentes são usadas assim.

Imagine que você vive em um país que permite esse tipo de patente e que recebeu patentes sobre uns cinqüenta processos ou modelos de negócios diferentes. Podem até mesmo ser variações de coisas que já existem, como, por exemplo, uma forma de leilão em que a única coisa nova é o fato de você poder participar dele pela web. Tanto faz. Desde que o escritório de patentes local as tenha concedido, elas são, até prova em contrário, válidas.

Feito isso, você fica quieto e se finge de morto até que alguém resolva investir em um dos modelos de negócio (ou processos - pense em "one click shopping") que você patenteou e comece a ganhar muito dinheiro com ele.

Nessa hora você chama advogados de patentes que fixem seus honorários em função das indenizações recebidas ou de acordos firmados e parte para a briga. Face à perspectiva de gastar muito mais dinheiro do que tem (os queixosos pedem cifras na casa de bilhões de dólares) em uma indenização ou em um processo para provar que a patente é ridícula e que nunca deveria ter sido concedida, a vítima vai propor um acordo. E para você, que nunca fez nada com suas idéias e sem investir um tostão sequer (além das custas de patentear algo), que nunca correu qualquer risco apostando nelas e que nem sabia se elas eram mesmo viáveis ou não, acaba de ficar com uma parte expressiva do faturamento da sua vítima.

O que incomodava Bill Gates em 1991 ainda incomoda. Uma empresa chamada Eolas, que nunca, jamais, lançou um único produto, tem uma patente que descreve, mais ou menos, como se coloca programas (controles ActiveX ou applets Java) em uma página web. Essa empresa está processando a Microsoft porque o Internet Explorer viola essa patente.

A Sun fez um acordo com a Kodak sobre patentes que a máquina virtual Java supostamente infringia. Essas tecnologias foram patenteadas pela Wang, uma empresa que foi comprada pela Kodak e, se eu entendi bem a história, são usadas desde sempre por quase tudo mundo.

Todos os fabricantes de câmeras digitais “pagam pedágio” para uma empresa chamada Forgent, que patenteou algo que o compressor J-PEG usa.

Patentes são usadas, hoje em dia, como uma forma de defesa contra processos por violação de patentes. Parece estranho, mas é muito parecido com a construção de imensos arsenais nucleares durante a Guerra Fria. Se você tem muitas patentes importantes, é quase certo que todos os seus competidores violem uma ou outra. Quando isso acontece, você assina um acordo de licenciamento cruzado com seus competidores, ganha acesso às patentes deles e eles ganham acesso às suas. É por isso que a AMD e Intel usam quase que à vontade as invenções de qualquer uma das duas - elas estão há tanto tempo violando as patentes uma da outra que já não se pode dizer ao certo (sem ajuda de um advogado, de um engenheiro e de um historiador) onde começam as patentes de uma e onde terminam as patentes da outra.

A coisa fica muito ruim (como Bill Gates resumiu tão bem) quando você é uma empresa pequena e ainda não patenteou nada importante. Paradoxalmente, quando patentes são usadas assim, elas prejudicam a capacidade de inovação do mercado, tornando arriscado lançar um novo produto. Com elas, a invenção de coisas novas só é possível dentro de grandes detentores de patentes.

A menos que você tenha morado pelos últimos 30 anos em uma caverna, sabe perfeitamente bem que grandes empresas dificilmente inventam coisas realmente revolucionárias.

Não tenho qualquer carinho especial pela Microsoft, pela Sun, pela Intel, AMD ou pelos fabricantes de câmeras digitais, mas eu acho que a coisa passou dos limites. Tudo o que não quero é correr o risco de pisar em uma patente dessas e acabar ficando sem um produto. Ou uma perna.

"Mas aqui não tem, né?"

Não, não tem. Mas há perigo. Existe pressão política para unificar os modelos de patentes como parte de vários acordos de comércio. Interesses econômicos também são um risco - se uma empresa espera ganhar, digamos, um bilhão de reais com suas patentes de software, faz todo o sentido do mundo ela "investir" menos dinheiro do que isso na campanha de políticos que sejam favoráveis a elas. Na verdade, eu estou usando incorretamente a palavra investir, já que não existe "investimento em campanha". "Doações de campanha" chamam-se doações porque quem doa não espera nada em troca, então, a rigor, empresas que doam dinheiro para políticos não esperam nada em troca.

Outro grande risco são os conflitos que inevitavelmente vão surgir entre aqueles que têm poucas patentes (porque sempre foram rigorosos na avaliação de patentes) e aqueles que têm muitas (porque deixam patentear qualquer coisa, mesmo óbvia ou patentemente - desculpe, não resisti - imbecil).

Para nós, cidadãos, não há muito o que fazer além de espernear e fazer barulho. Ainda espero um político que se posicione claramente contra patentes de software para que ele ganhe meu voto. Ou ele foi muito discreto em sua campanha, ou ainda não apareceu.

O europeu do ano

Na linha "espernear", podemos fazer algo, mas é bom que seja logo.

No ano passado, o Parlamento Europeu (eu sei que moro na América do Sul, mas não temos um Parlamento Sul-Americano, ao menos não um de verdade) rejeitou uma proposta que unificaria (do jeito errado, claro) os critérios de aprovação de patentes no continente. Com ela, patentes como "duplo clique em PDAs" seriam válidas.

Um dos candidatos ao prêmio de "Europeu do Ano", um prêmio dado pela European Voice é Florian Müller. Florian é um desenvolvedor de software e está por trás de uma bem-sucedida campanha contra as patentes de software.

Florian concorre em duas categorias, Militante do Ano (Campaigner of the Year) e Europeu do Ano (Euopean of the Year). Infelizmente, o formulário de voto exige que se escolha candidatos em todas as categorias ou o voto não é computado. No site No Software Patents existem recomendações de candidatos para todas as categorias. No meu voto eu fiz uma pequena emenda e votei em Carlos Ghosn (CEO da Renault) como Empresário do Ano (Business Leader of the Year) pela vantagem marginal de ter nascido brasileiro.

Para votar, você deve dar um nome e e-mail verdadeiros, primeiro porque isso é sério e depois porque você vai precisar validar o seu voto clicando em um link que vai estar em uma mensagem enviada para o e-mail que você deu.

Vale a pena correr, porque os votos têm que ser dados até dia 11 de novembro desse ano. O trabalho de Florian é importante. Votando nele estaremos deixando claro que nós não queremos esse tipo de patente. Votar nele é deixar claro que não aprovamos o que grandes detentores de patentes nessa área tentam, constantemente, fazer. Se deixarmos suficientemente claro, pode ser que eles não queiram fazer isso por aqui.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Felicidade Realista

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor.. não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão.

Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.

Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção.
Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo.
Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.

Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.

Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.

Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça de que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade...