quinta-feira, janeiro 18, 2007

terça-feira, janeiro 16, 2007

Dose mínima de felicidade

Ontem perdi de novo na loteria. Era uma mega e pagava quase R$ 250 milhões, uma fortuna instantânea, destas que costumam trazer infelicidade e até morte. Veja o caso do vencedor da Mega Sena brasileiro assassinado esta semana.

Fortuna súbita mata aqui também, dizem os jornais, e os métodos mais comuns são alcoolismo e outras drogas, mas há vários casos de crimes em família.

Wiliam Post ganhou quase 40 milhões na loteria da Pensilvânia e um irmão mandou matá-lo para herdar a fortuna. Post escapou do assassino, mas não do destino miserável. Morreu sem dinheiro suficiente para pagar pelo próprio enterro.

Billie Harrel Jr. se matou dois anos depois de ganhar 70 milhões na loteria do Texas. Evelyn Adams ganhou duas vezes a loteria de Nova Jersey, quase R$ 15 milhões, mas hoje, falida, vive às custas do Estado.

Bem-Estar Geral

Os casos de infelicidade com fortunas súbitas são intermináveis, mas quando você pergunta aos ricos e aos pobres se eles são felizes, muito mais ricos dizem sim do que pobres.

A Busca da Felicidade foi o filme de maior bilheteria nesta virada de ano e "A Felicidade" - e como medi-la - foi a capa da revista The Economist na edição dupla de fim de ano.

Eu li a revista em busca do medidor de felicidade e, é claro, ele não foi ainda inventado. Mas aprendi que David Cameron, líder do partido conservador na Inglaterra, famoso pelos valores materialistas, propõe que o índice do PNB - Produto Nacional Bruto - seja substituído pelo índice do BEG - Bem-Estar Geral.

Desde 1972 os americanos respondem a pelo menos uma pesquisa sobre felicidade e a pergunta é simples: hoje você está muito feliz, mais ou menos feliz ou pouco feliz?

Embora o país tenha mulplicado suas riquezas nestes 35 anos, o número de felizes continua do mesmo tamanho.

"É um paradoxo", conclui o ensaísta da The Economist. Os países ficam muito mais ricos, mas a felicidade dos habitantes continua do mesmo tamanho.

Psicologia Positiva

Esta conexão da felicidade com o dinheiro também entra pelo universo acadêmico. O curso mais procurado de Harvard é o de Psicologia Positiva.

Os professores também não têm um medidor preciso, mas fazem uma distinção essencial entre sentir bem e fazer o bem.

Quem está se sentido bem não é necesariamente feliz e sempre quer mais, é uma sensação insaciável. Quem faz o bem, com dinheiro ou sem dinheiro, este sim, é feliz.

Eu vou continuar jogando na mega e, se ganhar, prometo fazer minha felicidade distribuindo dinheiro, mas em doses mínimas. Não quero matar ninguém.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

115 Anos do Nascimento de J. R. R. Tolkien

Merece um brinde neste aniversário ;-)
John Ronald Reuel Tolkien (Bloemfontein, África do Sul, 3 de Janeiro de 1892Bournemouth, 2 de Setembro de 1973). Tolkien foi professor de Anglo-saxão (e considerado um dos maiores especialistas do assunto) em Oxford de 1925 a 1945, e de inglês e Literatura na mesma universidade de 1945 a 1959.
É muito conhecido por suas obras O Hobbit e O Senhor dos Anéis, embora tenha escrito e traduzido muitos outros livros. Viciado em seu cachimbo, que piorava sua já péssima dicção, Tolkien era um Católico fervoroso e grande amigo de C.S.Lewis, autor da famosa obra As Crônicas de Nárnia que recentemente ganhou sua versão cinematográfica.

Biografia

John Ronald Reuel Tolkien nasceu em Bloemfontein, África do Sul, no dia 3 de janeiro de 1892. Seu pai, Arthur Reuel Tolkien, era empregado de um banco inglês instalado na África, e sua mãe, Mabel Suffield Tolkien, era dona de casa. A família provavelmente viveria muitos anos no continente africano, se Arthur não tivesse falecido em 15 de fevereiro de 1896 decorrente de febre reumática. Mabel decidiu, então, retornar à Inglaterra com o jovem Ronald (como era chamado) e a irmã mais nova deste, Hilary. O país, apesar de sua rápida passagem pela vida de Tolkien influenciou uma famosa personagem da obra - a aranha Laracna, que foi criada com base num encontro de Tolkien com uma grande tarântula.

Ronald passou quase toda a sua infância dividido entre as regiões rurais das Midlands Ocidentais e a cidade industrial de Birmingham, onde freqüentou a King's Edward School. A proximidade dessa região com o País de Gales ajudou a desenvolver, muito precocemente, a paixão de Tolkien por línguas: nos vagões de trem carregados de carvão, o garoto via palavras em galês como "Nantyglo" e "Senghenydd", que o fascinavam e inspirariam a criação das línguas élficas. Em 1900, Mabel Tolkien decidiu converter-se ao catolicismo juntamente com seus filhos. John Ronald permaneceria profundamente católico até o fim da vida.

Embora modesta, a vida levada por Mabel e seus filhos era relativamente tranqüila. A situação mudou em 1904, quando Mabel faleceu de diabete. A partir de então, a educação e bem-estar de Tolkien e seus irmãos passaram a ser responsabilidade do Padre Francis Morgan, sacerdote de Birminghan e amigo de Mabel. John Ronald passou a morar na hospedaria de uma certa senhora Faulkner, onde conheceu a jovem Edith Bratt, então com 19 anos (Tolkien tinha 16). Os dois se apaixonaram, mas o Padre Morgan, ao descobrir o namoro, proibiu que eles se vissem até que Tolkien completasse 21 anos. Obedecendo a seu tutor, mas sem esquecer Edith, Tolkien ingressou na Universidade de Oxford em 1911, mostrando-se um aluno brilhante no estudo das línguas germânicas, do inglês antigo, do galês e do finlandês. Esta última língua, uma das paixões de Tolkien, também seria uma das bases primordiais para as línguas élficas.

Casamento, Guerra, Academia

Finalmente, por volta de 1914, o relacionamento de John Ronald e Edith pôde seguir seu curso. Ela se converteu ao catolicismo, enquanto Tolkien concluiu o curso de Língua e Literatura Inglesa em 1915. Foi também durante essa época que o qenya (hoje chamado "quenya"), o mais importante dos idiomas ficcionais criados por Tolkien, começou a tomar forma. Entretanto, a Primeira Guerra Mundial já estava varrendo a Inglaterra, e o jovem John Ronald não escapou da maré negra. Convocado para servir como segundo-tenente nos Fuzileiros de Lancashire, Tolkien casou-se com Edith em 22 de março de 1916 e, logo depois, embarcou para a França.

Tolkien participou da terrível ofensiva de Somme, na Bélgica, na qual morreram mais de 500 mil combatentes, e após quatro meses no front contraiu a chamada "febre das trincheiras", uma infecção semelhante ao tifo que grassava devido às péssimas condições de higiene no exército. Mandado de volta à Inglaterra devido a ferimentos causados por uma granada, Tolkien começou a rascunhar, enquanto se recuperava, as primeiras versões de sua mitologia, com as primeiras histórias de elfos, anões e homens, e os relatos originais da queda de Gondolin e de Nargothrond. Em 1917, nasceu o primeiro filho de Edith e Ronald, John Francis Reuel. Além dele, o casal também teria Michael, Christopher, e uma menina, Priscilla.

Depois do fim da guerra, a carreira acadêmica de Tolkien decolou: ele foi escolhido Leitor (Professor Associado) de Língua Inglesa na Universidade de Leeds em 1920 e, em 1925, passou a ocupar o posto de professor de Anglo-saxão em Oxford. Como professor, Tolkien se dedicou principalmente ao estudo da literatura em inglês antigo e médio (seus estudos do poema anglo-saxão "Beowulf" estão entre os mais imporantes do gênero) e também às aulas na graduação.

A Terra-média Irrompe

Era costume de Tolkien contar histórias, criadas por ele próprio, para seus filhos. Certo dia, quando corrigia provas da faculdade, ele se deparou com uma folha em branco. "Um dos alunos deixou uma das página em branco – possivelmente a melhor coisa que poderia ocorrer a um examinador" contou Tolkien anos depois. Movido por um impulso inexplicável, escreveu nela: "Numa toca no chão vivia um hobbit". Tolkien decidiu então "descobrir" o que era o tal hobbit, e a partir disso criou mais uma história para seus filhos, com as aventuras do hobbit Bilbo. A história, datilografada, chegou às mãos de Stanley Unwin, da editora George Allen and Unwin, que pediu a seu filho de 10 anos, Rayner, para resenhá-la. O garoto adorou o livro, e Stanley Unwin decidiu publicá-lo em 1937 com o título "O Hobbit". O sucesso foi tamanho que o editor pediu a Tolkien uma continuação das aventuras de Bilbo.

Tolkien decidiu escrever a continuação, mas a história, atraída irresistivelmente na direção das velhas lendas élficas, demorou mais de 16 anos para ser escrita e se tornou um épico de mais de mil páginas. A essa altura, Rayner já havia crescido e passado a ocupar o cargo de seu pai na editora. Decidido a arriscar, Rayner publicou "O Senhor dos Anéis" em três volumes, lançados de 1954 a 1955. O sucesso, estrondoso, surpreendeu a todos, inclusive a Tolkien. Uma edição pirata do livro, lançada nos Estados Unidos em 1965, ampliou ainda mais tal êxito, já que os adeptos da contracultura e do movimento hippie se identificaram profundamente com a narrativa.

O Legado de Tolkien

Mesmo com o sucesso de O Senhor dos Anéis, Tolkien só virou celebridade nos anos 60. Nessa época os fãs do autor se reuniam pelos campus das universidades com o único objetivo de discutir sua obra.

Estes fãs tiveram, a mesma importância que os trekkers em Star Trek, os "star warriors" em Star Wars e os "excers" em Arquivo X para tornar a obra de Tolkien conhecida. Desde os encontros da primeira sociedade Tolkien, que se comunicava através de frases em cartazes no metrô de Nova York, a tolkienmania só cresceu e continua a influenciar muita gente. No auge da contracultura, a obra era considerada uma espécie de bíblia da Sociedade Alternativa. Com broches como "Frodo Vive" e "Gandalf para Presidente", os fãs se reuniam para celebrar Tolkien. O público nessa época era composto, quase sempre, por geeks da computação e hippies. De certa maneira, esse público buscava justamente o que Tolkien queria: uma nova realidade. A criação de mundos complexos como a Terra-Média também deram uma arejada à literatura ficcional, além de inaugurar um novo gênero literário, a literatura fantástica, Tolkien colocou a ficção científica em evidência. Muitos autores também criaram seus mundos próprios e essa realidade virtual criada por Tolkien foi o elemento-chave para a ficção científica de Duna (de Frank Herbert), para a fantasia de A Cor da Magia (de Terry Pratchett) e recentemente, para o universo de Harry Potter (de J. K. Rowling). Muitas outras áreas sucumbiram ao poder dos Anéis. Em 1974, Gary Cygax e Dave Anerson arrumaram uma maneira de interagir com esta realidade e criaram o Role-Playing Game (RPG) Dungeons & Dragons, um jogo de personificações com temas fantásticos, claramente inspirado na Terra-Média de Tolkien. Com o RPG foi possível se aventurar no universo de orcs, anões, elfos, dragões e hobbits (os halflings de D&D). O RPG serviu de estímulo para o público explorar e conhecer novos mundos. A própria Terra-Média chegou a ter seu RPG, o MERP (Middle-Earth Role Playing), em 1982, só que o complexo sistema de regras e os freqüentes equívocos em relação à trama atrapalharam sua difusão, e o MERP não decolou. Do papel para o computador foi um pulo. Na década de 70, um hacker fã de Tolkien deu uma ajuda ao programador do arcaico RPG Adventure. O jogo foi transformado, ganhou o nome de Zork e virou hit entre os usuários da Arpanet (embrião da Internet) porque estava cheio de referências ao mundo de Tolkien. Nos primórdios da rede, essas realidades virtuais ganharam uma versão em texto, batizadas de MUD (Multi-User Dungeon/Dimension, que em português soa algo do gênero Dimensão Múltipla de Usuários). Hoje, graças aos avanços da tecnologia, os MUD caíram em desuso e o que é sucesso são jogos multiplayer como EverQuest, Última Online, Asheron’s Call, Warcraft e Kingdom Under Fire. Todos têm em comum cenários fantásticos e referências às obras de Tolkien. A Internet teve papel importante na propagação dos trabalhos do autor. Através dela foi possível reunir fãs do mundo inteiro, que demonstram sua admiração e discutem a política, sociedade, as línguas, a biologia e a história da Terra-Média. Há milhares de sites dedicados aos trabalhos de Tolkien e trazem ensaios, poemas, fan-fictions (contos de ficção escritos por fãs), sátiras, críticas, notícias, grupos de estudos, de discussão, fóruns e, é claro, humor.

Tolkien Multimídia

Ao contrário dos trekkers e dos “star warriors” que aprovam e incentivam as seqüências das obras originais em livros, filmes, seriados, produtos e HQs, os fãs de Tolkien preferem manter seu próprio ponto de vista sobre a obra. Com uma visão muito pessoal e particular da saga de Frodo, os fãs não se arriscam a tocar na Terra-Média. E esse é um dos motivos que impediram uma proliferação ainda maior do legado do autor. A única exceção talvez seja o livro The Black Book of Arda, escrito por duas jovens russas no início dos anos 90, que recontavam os acontecimentos de O Silmarillion, só que do ponto de vista dos vilões. A influência de Tolkien também pode ser percebida nas mais diversas formas de artes. Pintores como John Howe, Roger Garland, Ted Nasmith, Alan Lee, Tim Kirk e os irmãos Hildebrandt entre outros figuram em enciclopédias ilustradas e centenas de galerias de imagens na Internet. Eles retratam com primazia várias passagens dos livros. A obra do autor também aparece nas músicas de bandas como Led Zeppelin, Blind Guardian e a banda sueca Za Frûmi’s compôs uma música com uma versão modificada do idioma orc. O cinema e a TV não poderiam ficar de fora, o desenho animado Caverna do Dragão e o filme Dungeons & Dragons (ambos baseado no RPG D&D) são claramente influenciados por Tolkien. Podemos citar outras produções cinematográficas como O Cristal Encantado (1982), A História Sem Fim (1984), Labirinto (1986), A Lenda (1986), Willow – Na Terra da Magia (1988) e Coração de Dragão (1996). E até mesmo o filme de Harry Potter dificilmente existiria se não houvesse Tolkien. Em 1978, o animador inglês Ralph Bakshi (o mesmo de Super Mouse e Gato Felix) tentou adaptar O Senhor dos Anéis para o cinema num longa-metragem de animação de duas horas. Mas o roteiro era fraco e mesmo usando uma técnica de animação interessante (a rotoscopia, onde os movimentos humanos são sobrepostos pelo desenho) a produção não agradou e parece terminar em algum ponto no meio de As Duas Torres. Outras duas obras de Tolkien viraram longas animados para a TV inglesa: O Hobbit (em 1978) e O Retorno do Rei (1980), ambas criadas para especiais de TV e dirigidas por Jules Bass, o mesmo produtor de Thundercats e Silverhawks e co-diretor do longa Rudolph, a rena do Nariz Vermelho. Tolkien também marcou presença nas HQs. Há influência dele em Bone, a HQ fantástica de Jeff Smith e na megassérie Elfquest, que já tem mais de 20 anos de publicação e conta a história de um mundo recheado de elfos. Também existe Lodoss, uma série criada por fãs-japoneses de RPG, que durante anos, anotaram suas aventuras e transformaram em duas sagas animadas. A primeira é The Record of Lodoss War (de 1991) e a naus recente saga chama Chronicles of the Heroic Knight (de 1999), ambas trazem um mundo mágico de deuses, dragões, demônios, magos e guerreiros lutam pelo poder.

Com seus tentáculos se espalhando por todos os lugares, chegar aos cinema através de um filme não deveria demorar, e graças a Peter Jackson, um antigo fã, isso se tornou realidade, e a realidade dos três filmes filmados simultaneamente lhes rendeu 17 oscars.



Beren e Lúthien

Surgira como que um culto em torno da figura e dos escritos de Tolkien. Se de um lado o autor se sentia lisonjeado, o homem Tolkien não estava tão contente: pessoas de todos os cantos do mundo se achavam no direito de ligar para a sua casa ou simplesmente bisbilhotá-lo do outro lado da rua. Assim, depois de se aposentar e com os filhos há muito crescidos, ele decidiu se mudar para o pacato balneário de Bournemouth em 1969, em companhia de sua mulher Edith. Em 22 de novembro de 1971 ela faleceu, e Tolkien voltou para Oxford. Ele próprio morreria em 2 de setembro de 1973, aos 81 anos, no hospital, nas primeiras horas da manhã de 2 de setembro. Os dois estão enterrados juntos no cemitério de Wolvercote, em Oxford. Na lápide, num eco da mais bela história de amor de sua mitologia, pode-se ler:

EDITH MARY TOLKIEN
LUTHIEN
1889 - 1971
JOHN RONALD
REUEL TOLKIEN
BEREN
1892 - 1973


O que é o Software Livre?

Nós mantemos esta definição do Software Livre para mostrar claramente o que deve ser verdadeiro à respeito de um dado programa de software para que ele seja considerado software livre.

"Software Livre" é uma questão de liberdade, não de preço. Para entender o conceito, você deve pensar em "liberdade de expressão", não em "cerveja grátis".

"Software livre" se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Mais precisamente, ele se refere a quatro tipos de liberdade, para os usuários do software:

  • A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade no. 0)
  • A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade no. 1). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.
  • A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade no. 2).
  • A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no. 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

Um programa é software livre se os usuários tem todas essas liberdades. Portanto, você deve ser livre para redistribuir cópias, seja com ou sem modificações, seja de graça ou cobrando uma taxa pela distribuição, para qualquer um em qualquer lugar. Ser livre para fazer essas coisas significa (entre outras coisas) que você não tem que pedir ou pagar pela permissão.

Você deve também ter a liberdade de fazer modifcações e usá-las privativamente no seu trabalho ou lazer, sem nem mesmo mencionar que elas existem. Se você publicar as modificações, você não deve ser obrigado a avisar a ninguém em particular, ou de nenhum modo em especial.

A liberdade de utilizar um programa significa a liberdade para qualquer tipo de pessoa física ou jurídica utilizar o software em qualquer tipo de sistema computacional, para qualquer tipo de trabalho ou atividade, sem que seja necessário comunicar ao desenvolvedor ou a qualquer outra entidade em especial.

A liberdade de redistribuir cópias deve incluir formas binárias ou executáveis do programa, assim como o código-fonte, tanto para as versões originais quanto para as modificadas. Está ok se não for possível produzir uma forma binária ou executável (pois algumas linguagens de programação não suportam este recurso), mas deve ser concedida a liberdade de redistribuir essas formas caso seja desenvolvido um meio de cria-las.

De modo que a liberdade de fazer modificações, e de publicar versões aperfeiçoadas, tenha algum significado, deve-se ter acesso ao código-fonte do programa. Portanto, acesso ao código-fonte é uma condição necessária ao software livre.

Para que essas liberdades sejam reais, elas tem que ser irrevogáveis desde que você não faça nada errado; caso o desenvolvedor do software tenha o poder de revogar a licença, mesmo que você não tenha dado motivo, o software não é livre.

Entretanto, certos tipos de regras sobre a maneira de distribuir software livre são aceitáveis, quando elas não entram em conflito com as liberdades principais. Por exemplo, copyleft (apresentado de forma bem simples) é a regra de que, quando redistribuindo um programa, você não pode adicionar restrições para negar para outras pessoas as liberdades principais. Esta regra não entra em conflito com as liberdades; na verdade, ela as protege.

Portanto, você pode ter pago para receber cópias do software GNU, ou você pode ter obtido cópias sem nenhum custo. Mas independente de como você obteve a sua cópia, você sempre tem a liberdade de copiar e modificar o software, ou mesmo de vender cópias.

"Software Livre" Não significa "não-comercial". Um programa livre deve estar disponível para uso comercial, desenvolvimento comercial, e distribuição comercial. O desenvolvimento comercial de software livre não é incomum; tais softwares livres comerciais são muito importantes.

Regras sobre como empacotar uma versão modificada são aceitáveis, se elas não acabam bloqueando a sua liberdade de liberar versões modificadas. Regras como "se você tornou o programa disponível deste modo, você também tem que torná-lo disponível deste outro modo" também podem ser aceitas, da mesma forma. (Note que tal regra ainda deixa para você a escolha de tornar o programa disponível ou não.) Também é aceitável uma licença que exija que, caso você tenha distribuído uma versão modificada e um desenvolvedor anterior peça por uma cópia dele, você deva enviar uma.

No projeto GNU, nós usamos "copyleft" para proteger estas liberdades legalmente para todos. Mas também existe software livre que não é copyleft. Nós acreditamos que hajam razões importantes pelas quais é melhor usar o copyleft, mas se o seu programa é free-software mas não é copyleft, nós ainda podemos utilizá-lo.

Veja Categorias de Software Livre (18k characters) para uma descrição de como "software livre", "software copyleft" e outras categoria se relacionam umas com as outras.

Às vezes regras de controle de exportação e sansões de comércio podem limitar a sua liberdade de distribuir cópias de programas internacionalmente. Desenvolvedores de software não tem o poder para eliminar ou sobrepor estas restrições, mas o que eles podem e devem fazer é se recusar a impô-las como condições para o uso dos seus programas. Deste modo, as restrições não afetam as atividades e as pessoas fora da jurisdição destes governos.

Quando falando sobre o software livre, é melhor evitar o uso de termos como "dado" ou "de graça", porque estes termos implicam que a questão é de preço, não de liberdade. Alguns temos comuns como "pirataria" englobam opiniões que nós esperamos você não irá endossar. Veja frases e palavras confusas que é melhor evitar para uma discussão desses termos. Nós também temos uma lista de traduções do termo "software livre" para várias línguas.

Finalmente, note que critérios como os estabelecidos nesta definição do software livre requerem cuidadosa deliberação quanto à sua interpretação. Para decidir se uma licença se qualifica como de software livre, nós a julgamos baseados nestes critérios para determinar se ela se segue o nosso espírito assim como as palavras exatas. Se uma licença inclui restrições impensadas, nós a rejeitamos, mesmo que nós não tenhamos antecipado a questão nestes critérios. Às vezes um requerimento de alguma licença levanta uma questão que requer excessiva deliberação, incluindo discussões com advogados, antes que nós possamos decidir se o requerimento é aceitável. Quando nós chegamos a uma conclusão sobre uma nova questão, nós frequentemente atualizamos estes critérios para tornar mais fácil determinar porque certas licenças se qualificam ou não.

Se você está interessado em saber se uma licença em especial se qualifica como uma licença de software livre, veja a nossa lista de licenças. Se a licença com a qual você está preocupado não está listada, você pode nos questionar enviando e-mail para .


Mais textos para ler

Outro grupo iniciou o uso do termo software aberto para significar algo próximo (mas não idêntico) a "software livre". Nós preferimos o termo "software livre" porque, uma vez que você tenha aprendido que ele se refere à liberdade e não ao preço, você se preocupará com a questão da liberdade.


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quarta-feira, janeiro 03, 2007

A língua retrata o que o povo fala ou o que a regra nos impõe?

Por Bruno Rodrigues

Experimente: ao longo de uma semana, acompanhe os jornais com outros olhos. Conte quantas vezes a internet é apontada como terreno propício para o exercício do que há de pior no ser humano, do tráfico de drogas à pedofilia. No mínimo, a Rede é descrita como palco para novos costumes bizarros e curiosos, como flertar, ainda que à distância, uma ilustre desconhecida, ou passar dias imerso em uma comunidade virtual como o ‘Second Life’.

Tenho a impressão de que, por pouco, sociedade e mídia não proclamam a internet como ‘criação do demônio’ e seitas mais radicais não queimam computadores e laptops em grandes fogueiras. Ao longe, observando tudo, estaria - em êxtase! - uma multidão de marmanjos, pais de meninos e adolescentes, defensores ferrenhos, entre outras coisas, de que ‘lugar de homem é na rua’…

Esta visão estrábica da internet não surge na mídia e na cabeça dos pais à toa. É como se precisássemos de uma ‘consciência coletiva’ nos alertando sobre o perigo que o ‘novo’, ao mesmo tempo fascinante e ameaçador, oferece - uma versão adulta do Grilo Falante.

É tudo muito assustador: o pânico vai do comércio eletrônico (’vão roubar o número do meu cartão de crédito!’) aos games (’meu filho não vai mais sair de casa!’), dos relacionamentos (’o que vale é olho no olho!’) aos e-books (’preciso pegar nos livros que leio!’). Haja coragem e discernimento para não perder o bonde da história - é preciso confiar na Rede com um olho fechado e o outro bem aberto.

Muitos passam por isso quase todo o dia. Eu, que vivo de (e na) internet, me peguei outro dia numa encruzilhada daquelas.

Sempre fui defensor do uso que os adolescentes fazem do português na web, ao criarem novas palavras baseadas mais em seus sons e menos no que está no dicionário. O que não seria fonte de dor de cabeça para os professores, na minha opinião. Ou seja, o jovem saberia muito bem onde utilizar o ‘vc’ ou o ‘você’. No Orkut, vale o novo; na redação da escola, o que Houaiss e Aurélio fazem questão de nos lembrar, sempre. Seria simples assim.

E foi, no início. Quando o MSN e os ‘torpedos’ ainda não faziam parte do dia-a-dia do adolescente - e da criança, também -, quando a atividade de se comunicar constantemente pela escrita pela Rede ainda era novidade, havia uma clara distinção do que era português e o que era ‘da web’.

Outro dia, ao conversar com duas professoras de ensino médio, fiquei de queixo caído: agora é um Deus nos acuda. As provas vivem inundadas de ‘vc’s, e o mais delicado, elas me explicaram, é que - óbvio - não é de propósito… Mas, o que fazer se é este o português que crianças e jovens usam para se comunicar hoje em dia pela Rede? Dá agonia e uma profunda insegurança. Uma delas, à beira da aposentadoria, disse, brincando, ter saudades ‘de quando a única ameaça à língua era a gíria’ - e nada afetava a escrita.

É hora de parar e pensar, então. No Brasil, a língua portuguesa já passou por mais de uma reforma. Por que ‘pharmácia’ virou ‘farmácia’? Porque ninguém lia ‘parmácia’, oras. Até hoje me pergunto por quê ‘caixa’ não é ‘caicha’, ou vice-versa… Pela regra, apenas? Nosso ‘cadê’ está condenado a ser ‘c-a-d-ê’ por toda a eternidade, ou um dia escreveremos ‘kd vc’?

A língua não retrata o que o povo fala? Ou o que a regra nos impõe?

Mas aí bate o medo do desconhecido, do descontrolado, do que até ontem era absurdo.

Arranquem rápido os computadores dos quartos dos filhos: à fogueira com eles, antes que seja tarde demais. Porque lugar de língua é no dicionário. Ou não?