terça-feira, fevereiro 22, 2005

Tecnologia usa corpo humano como rede de dados

A Nippon Telegraph and Telephone (NTT) desenvolveu uma tecnologia que utiliza o corpo humano como rede de alta velocidade para promover a comunicação entre aparelhos eletrônicos e usuários.

Segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira (21/02), pesquisadores do Laboratório de Integração de Micro-sistemas da NTT criaram transceivers - modems capazes de enviar informações sem fio - aptos para enviar e receber dados por campos elétricos na superíficie do corpo.

A tecnologia leva o nome de Human Area Networks (HANs). Tais campos passam a atuar como transmissores de dados com velocidades de até 10 megabits por segundo entre os transceivers mantidos perto da superfície do corpo.

A companhia acredita que a tecnologia pode ser desenvolvida como alternativa para Bluetooth ou rede sem fio WLAN para curtas distâncias, segundo Toshiaki Asahi, pesquisador da empresa.

"Se o desenvolvimento for bem o suficiente, esperamos lançar os sistemas HAN em 2006", destacou. Ainda de acordo com a NTT, as aplicações para HANs incluem funções de segurança e identificação.

Os transceivers, chamados RedTacton, funcionam utilizando um sensor óptico que interpreta as flutuações no campo elétrico do corpo humano por meio do uso de um laser em miniatura e de um cristal acoplado. O laser mede as flutuações e como estas afetam o cristal.

Os campos elétricos existem em torno de vários objetos, incluindo metais, plásticos, vidro, cerâmicas e líquidos. Uma pessoa equipada com um sensor pode trocar dados com outras pessoas que também carregam um sensor por meio de um aperto de mãos.

A NTT começará a testar os campos em abril, em um processo que deverá durar até setembro. A companhia também trabalhará com grandes empresas de eletrônicos e arquitetos.

original: http://idgnow.uol.com.br/AdPortalv5/TelecomInterna.aspx?GUID=DDF8C516-29F6-4446-BCC5-7DFF61BEFDA3&ChannelID=2000016

Câmera montada em óculos pode restaurar visão

Uma pequena câmera montada em um óculos e conectada ao nervo óptico pode restaurar a visão de milhares de pessoas que sofrerem de deterioração da retina, afirmaram especialistas europeus na segunda-feira.

O avanço médico tem o potencial de ajudar 300 mil europeus cuja visão foi enfraquecida conforme a fina camada de tecido celular que envolve o olho e processa as imagens se deteriora, afirmou o professor belga Claude Veraart, em conferência.

"Implantamos o dispositivo em dois pacientes até agora", disse Veraart, da Universidade Católica de Louvain-la-Neuve, próxima a Bruxelas.

Uma câmera montada nos óculos envia imagens para um aparelhos eletrônico implantado atrás do olho e estimula o nervo óptico que passa a informação visual ao cérebro.

A tecnologia pode ajudar também pessoas com doenças na retina e outras degenerações, que podem levar à perda dos detalhes das imagens, uma das principais causas da deficiência visual nos Estados Unidos.

Baseado no preço de aparelhos auriculares conhecidos como Cochlear, que também envolve a inserção de componentes na cabeça, a nova tecnologia vai custar cerca de 20 mil euros, afirmou Veraart.

Cinquenta equipes de cientistas ao redor do mundo trabalham em tecnologia similar, mas o projeto belga, que coordena um esforço pan-europeu de pesquisadores na França e Alemanha, obteve os melhores resultados, acrescentou.

A Comissária da Sociedade da Informação, Viviane Reding, afirmou que o dispositivo pode começar a ser vendido no mercado entre 2008 e 2010.

A Comissão Européia, que vai gastar 3,6 bilhões de euros em projetos de tecnologia da informação e comunicação entre 2002 e 2006, garantiu 2,79 milhões de euros em pesquisa de tratamento de deficiência visual.

original: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2005/02/21/ult27u47462.jhtm

Impacto social dos games

Aqueles que se sentaram pela última vez diante de um televisor para jogar "Pac Man", o famoso cartucho do Atari, vão se surpreender com o panorama apresentado, 20 anos depois, em "A Vida em Videogame", que o canal da TV paga GNT exibe nesta quinta, às 21h30.

Mais que uma indústria bilionária, que já ultrapassou em vendas as bilheterias do cinema de Hollywood, os jogos eletrônicos se tornaram a principal porta de entrada para a realidade virtual. Jogos como "Fables" (Fábulas), retratados no programa, extrapolam a noção de entretenimento preguiçoso e exigem dos participantes não só habilidade técnica, mas moral e psicológica.

Uma nova realidade também começa a ser desenhada quando jogadores do mundo todo se enfrentam nas chamadas olimpíadas de games, diante de um público digno de final de Copa do Mundo. Na Coréia do Sul, os atletas de games são disputados por patrocinadores e seus contratos milionários e distribuem autógrafos como astros do esporte ou da música pop.
Mas não é apenas nisso que "A Vida em Videogame" está interessado. Mais da metade do documentário dedica-se aos possíveis efeitos negativos dos jogos eletrônicos, em especial, no papel que teve o RPG on-line "EverQuest" no suicídio do americano Shawn Woolley, que se matou três anos atrás, aos 21, diante da tela do computador. A mãe do rapaz acusa os criadores do jogo de terem induzido seu filho ao "vício" -na Coréia do Sul, cenas impressionantes mostram uma mulher resgatando, a tapas, em uma lan-house, o marido que havia dias não voltava para casa.

Em contraste ao tom sensacionalista que o programa vai tomando, um psicólogo pondera: os videogames, como a televisão, representam uma fuga da realidade. A pergunta a ser feita é por que, cada vez mais, as pessoas não estão querendo enfrentar a realidade.


A VIDA EM VIDEOGAME. Quando: quinta-feira, às 21h30, no GNT.

original: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2202200514.htm

Brasil se opõe a projeto de países ricos para criar patentes globais

As relações entre o Brasil e a direção da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) sofreram um novo baque, envolvendo a negociação de um tratado de patente global que Brasília rejeita. Negociadores acham que o país foi atraído para uma situação embarçosa ao participar de consulta informal realizada pelo diretor-geral da OMPI, Kamil Idriss, na semana passada com cerca de 20 países em Casablanca.

O representante brasileiro, Roberto Jaguaribe, presidente do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), foi o único que se recusou a assinar um plano de trabalho aprovado no encontro e que, na prática, pretende acelerar as negociações do tratado de harmonização de leis de patente no mundo.

Como os aliados brasileiros contra essa negociação não foram convidados, o resultado deixou a impressão de que o Brasil ficou isolado na cena internacional. Entre as nações em desenvolvimento presentes, México e Marrocos tem acordos comerciais com os EUA e defendem o tratado.

Entre os emergentes, também participaram China, Chile, Malásia, Rússia, além dos maiores interessados: Estados Unidos, Grã-Bretanha, China, França, Alemanha, Itália e Japão. Também estiveram presentes organizações de propriedade intelectual da Europa, Ásia e continente africano. O Brasil lidera a oposição ao tratado por achar que ele pode se tornar um novo instrumento de pressão, inclusive comercial, contra as nações em desenvolvimento.

A criação de patente global faz parte da agenda dos Estados Unidos e outros industrializados. Um pilar desse projeto é o Tratado de Direito Substantivo de Patente, para harmonizar os critérios de concessão de patente. Só que ele vai bem além do Acordo de Trips (propriedade intelectual) da Organização Mundial de Comércio (OMC). Este especifica três critérios para patentear uma invenção: novidade, atividade inventiva e aplicabilidade industrial. Mas não diz como se deve aplicar esses critérios, deixando margem de manobra aos países. Assim, certos países consideram que algumas invenções patenteadas em um país não podem receber proteção local. É o caso de software, patenteado nos EUA, mas não na maioria das outras nações.

Já um tratado de harmonização global de patentes tem outras implicações. Uma patente dada nos EUA teria obrigatoriamente que ser aprovada com base no mesmo critério nos outros países signatários, diz um negociador.

No caso especifico do Brasil, o primeiro impacto seria proibir a atual prática envolvendo as patentes farmacêuticas, que precisam de anuência prévia da Anvisa. Várias disposições da lei de propriedade industrial teriam que ser mudadas. Por exemplo, o país não aceita patentear micro-organismos que ocorram livremente na natureza. Nos EUA, um cientista poder extrair substância de uma planta, submetê-la a processo químico, isolar um componente e patenteá-lo. Mas para vários países isso não é invenção, é sim uma descoberta.

O presidente do INPI, Roberto Jaguaribe, disse ao Valor, que a posição brasileira diverge da proposta de dividir as negociações sobre como harmonizar as formas de considerar e conceder patentes. Alguns países, com destaque para os desenvolvidos, são a favor de uma harmonização que permita a constituição de escritórios únicos que dariam patentes válidas para todos, o que a mídia chama de patente global.

"Nossa leitura, apesar de isto (escritórios únicos) vir a se transformar numa tendência, é de não aceitar esta idéia, pois a harmonização de patentes envolve demandas muito diferenciadas e isto é preciso estar presente no debate, que queremos que seja mais profundo, menos técnico, e que envolva questões outras como, por exemplo, a da biodiversidade".

Para Jaguaribe, a propriedade intelectual não é um fim em si mesma, mas um instrumento que possa propiciar capacitação tecnológica aos países e cada país está num estágio diferente. Há regras comuns, reconhece, de mais de 100 anos. "Hoje existem regras básicas que os membros dos acordos têm que obedecer".

Ele destacou que o Brasil está engajado nesse processo, mas acha que ñao se pode ter uma visão tópica, isolada e separar as coisas. "Os Estados Unidos querem trabalhar em alguns temas muito técnicos, como período de graça, novidade, hiato inventivo, enquanto o Brasil quer tratar de não impedir a capacitação de sua indústria, o acesso do seu povo a medicamentos, incluir na discussão a biodiversidade e o conhecimento tradicional. Temos uma série de demandas". Na sua ótica, patentes não podem ser impeditivas de políticas públicas para alguns setores, como o de saúde.

Para ele, a reunião que ocorreu no Marrocos teve um critério "seletivo", onde predominavam as pessoas que concordavam com a posição de dividir a discussão, deixando as demandas dos países em desenvolvimento para um outro momento. A Índia comandava o processo de debates e portanto estava praticamente fora das discussões, e o México e Chile, também convidados, têm posições diferentes da do Brasil, destacou. Os países que lançaram a agenda para o desenvolvimento em Genebra foram em sua maioria excluídos do encontro, como Argentina, Egito e África do Sul, denunciou. Enquanto lá estavam Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Suiça, União Européia e até o escritório europeu de patentes, além dos EUA.

original: http://www.softwarelivre.org/news/3696
Fonte:Valor Econômico 21/2/2005

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

EUA querem barrar proposta brasileira para software livre

Os Estados Unidos pediram para se reunir com o Brasil hoje cedo em Genebra afim de, segundo negociadores, tentar neutralizar a proposta brasileira de propagação do "software livre e aberto" como uma opção para desenvolver tecnologia e indústria nacional.

Washington quer evitar até a circulação da proposta brasileira na atual reunião preparatória para a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (CMSI), informam fontes próximas das negociações. A delegação americana coloca ênfase no respeito de patentes e é composta sobretudo por advogados.

O que está em jogo na preparação é o enorme mercado que pode se abrir com as decisões que chefes de Estado e de governo devem tomar em novembro em Tunis (Tunísia), visando universalizar o acesso à revolução digital e estabelecer um modelo para a governança da internet.

O confronto é profundo entre os Estados Unidos, que concentram as grandes indústrias de informática, e países emergentes encabeçados pelo Brasil, China, Índia e África do Sul.

Todos estão de acordo em universalizar o acesso. A questão é como. Países em desenvolvimento acusam os EUA de só querer vender equipamentos e de fazer respeitar direitos de propriedade intelectual. Já o Brasil e outros países emergentes consideram que a alavanca da sociedade de informação é o compartilhamento do conhecimento, usando o software livre como exemplo.

"Não tenho nenhuma esperança de que (o confronto) será resolvido agora, mas queremos levar os EUA a debater não só uma visão econômica, mas também tecnológica e de desenvolvimento na universalização", afirma o presidente do Serpro, Sérgio Rosa, um dos principais membros da delegação brasileira.

O mais provável, na avaliação de Rosa, é que os EUA acabem aceitando um discurso genérico sobre compartilhamento do conhecimento. E em seguida passem a pressionar na Organização Mundial de Comércio (OMC) pelo patenteamento de softwares, por exemplo, o que o Brasil e a maioria dos outros países não aceita. Na OMC, quem não respeitar as regras é punido com retaliação comercial.

"O software livre não é uma questão ideológica, mas de desenvolvimento, de autonomia", diz Rosa. "A licença de cópias (de software) é muito anti-social."

Na mesma linha, Marcelo Pimenta, da Anatel, nota que apenas 12% dos domicílios no Brasil têm acesso à internet. O potencial é enorme para indústrias de equipamentos e de serviços. E o que o Brasil quer é garantir, dentro dos objetivos das Nações Unidas para reduzir a pobreza, o uso de opções como o software livre para estimular produção local.

Segundo Sérgio Rosa, o Brasil não está sozinho nessa luta. Apesar de certos analistas questionarem até onde vai o apoio da Índia e China, o presidente do Serpro diz que o Brasil tem com esses países uma "aliança estratégica" nessa área. Também a Argentina está apoiando o Brasil. Já o México é o grande complicador na América Latina, por causa de sua relação com o vizinho norte-americano.

original:
http://www.valoronline.com.br/veconomico/?show=index&mat=2859808&edicao=1037&caderno=277&news=1&cod=e62194dc&s=1

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Software Livre: contra e a favor



LIBERDADE OU STALISMO - O ministro Gil é pró software livre, Gates é contra; será que batalha ideológica ganhará cores de Stali e Che?

Marcelo Tas

No Brasil, podemos nos queixar de tudo, menos da monotonia. Depois do futebol, da caipirinha e do carnaval… acredita-se que em breve vamos nos tornar o país do software livre!

Softwares são os programas que fazem o computador funcionar. Software livre, como o próprio nome sugere, é um tipo de programa que não é controlado por uma empresa ou pessoa. É colocado no mundo com os segredos abertos. Pode ser alterado com a mesma falta de cerimônia que um motor de Fusca é remendado seguidamente por brasileiros.

Taí: o Fusca pode ser o primeiro indício de que o brasileiro tem talento para software livre. Em qualquer esquina do País é possível encontrar um mecânico amador, uma espécie de hacker de automóvel tupiniquim, pronto para abrir o motor do bicho e fazê-lo funcionar. Nem que seja por algumas horas.

Mas programar computador é outra história. É coisa para nerds faixa-preta. São seres que encontram prazer em escrever, linha por linha, todos os passos que a máquina deve dar quando apertamos as suas teclas.

Os supernerds vivem num mundo paralelo. São surfistas de hard-disk, subindo e descendo ondas de zeros e uns. Numa entrevista para TV, perguntei a um deles se sobrava tempo para namorar. Respondeu com aquele sorriso tímido e nervoso de nerd que, para ele, programar computador era uma forma de sexo (!?). Ops, se for assim, parece que temos chance.

O entrevistado era Marcelo Tosatti, jovem curitibano que, aos 18 anos, se tornou o mantenedor mundial do Linux kernel 2.4. Traduzindo: o cara é uma espécie de principal guardião do núcleo principal (kernel significa caroço) do Linux, o software livre mais famoso do mundo. Trata-se de um sistema operacional de computador aperfeiçoado continuamente por uma multidão de nerds anônimos, que hoje já assusta o mega nerd Bill Gates.

Como você sabe, Gates fez sua fortuna vendendo um sistema operacional fechado, o Windows. Só ele atualiza e aperfeiçoa o programa. E cobra por isso.

O Brasil é o primeiro país do mundo a adotar software livre como política de governo. Uma tremenda ousadia do presidente Lula. Dois pontas-de-lança atuam nesse jogo pesado que cutuca cachorros-grandes da indústria. Na inspiração conceitual e animação cultural, está o ministro Gilberto Gil. Na linha de frente, chutando a canela dos beques adversários, o sociólogo Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), autarquia da Casa Civil da Presidência da República.

Nenhum dos dois é especialista no assunto. Estão longe de serem supernerds. Mas fazem barulho e conquistam a atenção de indivíduos e instituições importantes do mundo digital. Profetas do cyberespaço garantem: se o Brasil implementar o software livre em larga escala, a China vem junto. E boa parte do resto do mundo.

Entendeu agora por que Bill Gates tentou cavar uma reuniãozinha de última hora com Lula no recente Fórum Econômico Mundial, em Davos?

Esta coluna não é devota de nenhum evangelho digital, militância política ou estratégia corporativa. Por isso se encerra colocando duas minhocas na sua cabeça: uma a favor e outra contra o software livre.

Contra: o governo vai tratar o software livre com a doçura revolucionária de Che Guevara: endurecer sin perder la ternura jamás? Ou será que a tendência stalinista de alguns membros do PT vai fazer o software livre virar uma religião, um novo monopólio? Vão criar a Linuxbrás?

É uma sinuca de bico. A força do software livre está na interação e na liberdade criativa das comunidades. Não vai ser fácil evitar que a mão pesada da máquina federal cause um desequilíbrio neste ecossistema de cérebros. Nunca na história o pessoal do software livre se viu diante de uma encomenda tão grande de trabalho. Será que eles seguram o tranco?

A favor: Estima-se que, só em licenças para usar softwares fechados, o governo brasileiro gaste mais de U$ 1 bilhão de dólares por ano. Mais do que com Cultura e Fome Zero juntos. Com tantos problemas para resolver, o Brasil não precisa ajudar Gates a ficar mais rico do que ele já é.

marcelotas@estadao.com.br


original: http://link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=2736

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Cientistas estão convictos da existência de ETs

Cálculos sustentam a hipótese de outras civilizações na Via Láctea

Pesquisadores estão mais convictos do que nunca de que os extraterrestres existem --sejam eles micróbios sobrevivendo penosamente em um planeta gelado ou seres inteligentes em um mundo aquático azulado a 5.000 anos-luz da Terra.

"Com certeza devem existir outras estrelas como o nosso Sol, e outros planetas como a Terra", afirmou Geoff Marcy, cientista planetário da Universidade da Califórnia em Berkeley, durante uma conferência sobre ciência planetária que ocorreu na semana passada em Aspen. "A vida primitiva, pelo menos, pode ser comum no universo".

Os caçadores de planetas se congregaram em Aspen para comemorarem a descoberta dos quase 150 planetas "extra-solares" nos últimos dez anos, e também para discutirem novas maneiras de observar o céu.

O Estado do Colorado, na região central dos EUA, se tornou um centro para a pesquisa planetária. A Universidade do Colorado, por exemplo, é uma das principais universidades do país neste campo, e a Ball Aerospace, em Boulder, fabricou a maior parte dos instrumentos usados no Telescópio Espacial Hubble. O valor das pesquisas na área mostrou ser incalculável.

Vários dos planetas descobertos são "Júpiteres quentes" --planetas grandes e gasosos tão próximos às suas estrelas que neles a vida parece ser impossível.

Mas, nos últimos meses, os astrônomos aperfeiçoaram os seus instrumentos para detectarem mundos menores. Eles têm encontrado planetas que estão suficientemente distantes de suas estrelas para possibilitar a existência de água no estado líquido --algo que se acredita ser uma condição para a existência de seres vivos.

Os cientistas dizem que dentro de poucas décadas talvez sejam capazes de detectar os sinais químicos da vida na atmosfera de um planeta semelhante à Terra.

"Escritores de ficção científica previram isso décadas atrás, e agora os cientistas percebem que provavelmente trata-se de uma realidade", disse Bruce Jakosky, cientista planetário da Universidade de Boulder.

"Estamos percebendo que a vida na Terra não parece ser algo de especial", afirmou. Segundo Jakosky, a vida no nosso planeta surgiu tão logo isso se tornou possível, após os meteoritos terem deixado de bombardear furiosamente o jovem planeta.

A principal mensagem obtida após uma década de descobertas de planetas é que há sistemas planetários por toda a Via-Láctea, em pelo menos 3% das estrelas. Existem cerca de 200 bilhões de estrelas na nossa galáxia.

Os cientistas jamais puderam prever as descobertas que seriam feitas nos últimos dez anos. No início de 1995, duas equipes de cientistas anunciaram que havia falhas enormes nas pesquisas planetárias. Vários pesquisadores começaram a concluir que o nosso sistema solar estava sozinho na galáxia, disse Michel Mayor, do Observatório de Genebra.

Mas, a seguir, a sua equipe chegou à conclusão de que a discreta oscilação de uma estrela semelhante ao sol seria causada por um planeta gigante girando velozmente à sua volta.

O grupo de Marcy confirmou o fato: a atração gravitacional era causada por um planeta com metade da massa de Júpiter que orbitava a sua estrela a cada quatro dias.

Desde então, as técnicas utilizadas para detectar tais oscilações foram aperfeiçoadas. Os pesquisadores têm feito experiências por meio de outras técnicas telescópicas.

Mas o próximo grande salto em detecção planetária --a descoberta de outros planetas semelhantes à Terra-- provavelmente não será dado até pelo menos 2007, dizem os cientistas, quando a Nasa planeja lançar o telescópio espacial Kepler.

"Atualmente, os engenheiros da Ball Aerospace estão construindo esse instrumento", diz Harold Reitsema, diretor de programas avançados de ciência espacial da companhia.

A Nasa e a Agência Espacial Européia também começam a planejar outras missões a serem lançadas depois do Kepler; a Missão de Interferometria Espacial, o Descobridor de Planetas Terrestres e o interferômetro espacial de infravermelho Darwin.

Não se sabe o que acontecerá a seguir, embora uma coisa seja certa: não haverá tão cedo visitas tripuladas a esses planetas, já que eles estarão provavelmente a dezenas ou milhares de anos-luz da Terra.

Marcy fez uma série de cálculos que sugerem ser possível a existência de milhares de civilizações avançadas na Via-Láctea.

"Só existe um problema: Onde estão elas? Por que não as vimos?", questiona Marcy.

Os cientistas não encontraram inscrições na Lua, espaçonaves acidentadas em Marte, ou mensagens à deriva no espaço. Marcy sugere que talvez as civilizações simplesmente não durem tempo suficiente para que se comunicarem umas com as outras. E quem sabe a evolução darwiniana, algo que geralmente se acredita ser uma conseqüência inevitável da vida, não produza necessariamente inteligência.

"Talvez existam outras maneiras de os organismos sobreviverem e se tornarem os mais aptos", afirma Marcy.

original: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/outros/2005/02/14/ult586u218.jhtm

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Como seria a vida em naves giratórias

Patrick Barry, Tony Phillips
Da Nasa

Da próxima vez que você for a um playground, tente o seguinte: leve uma bola e um amigo, e comece a andar no gira-gira. Tente jogar a bola para seu amigo por dentro do brinquedo, e veja se ele consegue agarrá-la nas primeiras tentativas.

Ele não conseguirá, com certeza. Na verdade, sua jogada irá bem longe. Você sentirá seu braço estranhamente empurrado para um lado conforme você arremessa, e, durante o "vôo", a bola se desviará um bocado.

Os físicos chamam isso de "efeito Coriolis", e ele acontece em qualquer plataforma giratória. Os furacões giram devido a esse efeito, tendo a Terra como plataforma giratória. Contrariamente à crença popular, as forças Coriolis não controlam a descarga do banheiro -a Terra não gira tão rápido. Mas jogar uma bola em um gira-gira definitivamente é uma experiência Coriolis.

Viagens espaciais são uma experiência Coriolis, também.


Bola jogada em gira-gira tem comportamento estranho. Clique na imagem para ver animação que demonstra o efeito.


Pesquisadores sabem há tempos que naves rotatórias como um gira-gira podem resolver um monte de problemas: na falta de gravidade, os ossos e músculos dos astronautas se enfraquem. É difícil comer e beber, e mesmo usar o banheiro. Dentro uma nave giratória, por outro lado, haveria uma gravidade artificial (devido às forças centrípedas) que manteria os corpos fortes e tornaria a vida cotidiana mais fácil.

O problema é que naves rotatórias também viriam com um forte efeito Coriolis. Objetos jogados mudariam de direção. Tentar chegar a um botão seria complicado, porque o dedo pousaria no local errado. Será que os astronautas se adaptariam a isso? E, caso sim, eles se adaptariam bem o suficiente para viver bem no arriscado ambiente espacial?

Isto é o que os pesquisadores James Lackner e Paul DiZio estão tentando descobrir. Com o apoio do Centro de Pesquisa Física e Biológica da Nasa, esses dois cientistas estão fazendo uma séria de experimentos com pessoas em câmeras rotatórias para entender o quão bem esses astronautas deveriam se ajustar à vida a bordo de naves assim. Eles também esperam encontrar técnicas de treinamento que possam ajudar a facilitar a transição de estados rotatórios para não-rotários, e vice-versa.


Concepção artística de uma nave rotatória. Clique para ver uma animação.

"Experiências feitas na década de 60 mostraram que as pessoas não se adaptam bem em rotação", diz Lackner, professor de Fisiologia. "Mas naqueles experimentos, os sujeitos não tinham objetivos bem definidos para seus movimentos. Descobrimos que quando um objetivo é dado, as pessoas se adaptam rapidamente."

Definidas ações (tais como atingir um certo alvo ou botão), as pessoas em seu estudo aprenderam a se mover de maneira correta depois de apenas 10 ou 20 tentativas. Um ajuste tão rápido surpreendeu os pesquisadores.

"Supomos que, quando um objetivo está presente", diz DiZio, professor-associado de Psicologia, "o cérebro dita o movimento desejado aos músculos muito precisamente. Desvios desse movimento são detectados mais prontamente pelo sensoreamento do cérebro."

Por que as pessoas têm essa habilidade natural de adaptação à rotação?

ossos corpos e cérebros devem ter evoluído, de certa forma, de acordo com o efeito Coriolis. Toda vez que você se vira e tenta atingir algo simultaneamente, você teve uma breve experiência Coriolis. Girando em uma cadeira de escritório. Jogando basquete. Rodando para descobrir o que fez aquele estranho barulho atrás de você. Em cada caso, seu cérebro faz ajustes em tempo real.


Uma sala rotatória usada por Lackner e DiZio em seus experimentos

Outras descobertas surpreenderam os pesquisadores, também. Por exemplo, depois de rodar por um instante, pessoas em seu estudo não mais percebiam o efeito Coriolis. O desvio de seus braços e pernas parecia desaparecer. Seus cérebros compensavam isso, então suas mentes não mais tomavam consciência do fenômeno.

Ainda mais estranho, quando as pessoas voltavam a um ambiente não-giratório, elas sentiam uma força Coriolis no sentido contrário. "É apenas um truque da mente", diz DiZio. Depois de outras 10 ou 20 tentativas de movimento em direção a um alvo, os cérebros deles se reajustam, e o efeito fantasma vai embora.

DiZio e Lackner descobriram que as pessoas podem se adaptar à velocidades rotacionais tão velozes quanto 25 rpm. Isso é tão rápido quanto as pessoas viram seus corpos durante o dia-a-dia. Para comparação, uma nave rotatória giraria muito mais lentamente, talvez 10 rpm, dependendo do tamanho e do design da nave.

Para exercer mais controle sobre as condições de seu experimento, os pesquisadores tentaram algo novo: simular o efeito Coriolis com um braço robótico. Pessoas sentadas tentariam fazer movimentos certos com seu braço enquanto o braço robótico gentilmente empurra seu pulso de modo a imitar o efeito Coriolis.

A vantagem desse modelo é que o braço robótico pode ser reprogramado para empurrar de maneiras diferentes, o que permite testar como as pessoas reagem em condições diferentes. Usando o braço, a dupla de pesquisadore descobriram que as pessoas podem se adaptar a uma pequena e variável força mesmo quano está mascarada por uma outra, maior e mais constante. Então, por exemplo, os astronautas poderiam se adaptar a um efeito Coriolis apesar de uma força constante de fundo, tal como um empurrão constante dos propulsores da nave.

Muitas questões permanecem sem resposta. Será que os resultados baseados em movimentos do braço se aplicam ao corpo todo? Carregar ferramentas pesadas faz alguma diferença? Depois de se adaptar, uma pessoa pode se readaptar mais facilmente? Qual a melhor maneira de treinar astronautas para a vida em uma casa que gira?

Lackner e DiZio planejam descobrir essas questões e mais à medida que a pesquisa continue nos próximos meses.

original: http://noticias.uol.com.br/inovacao/ultimas/ult762u2067.jhtm

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Pare o Mundo que eu Quero Descer

Tudo começou com o anúncio, no final do ano passado, da descontinuidade da tecnologia CDPD da Lucent, que era muito utilizada por algumas operadoras de telefonia móvel para prestar serviços de conectividade a polícias e outros serviços públicos (ver CDPD Transistion) e com a evolução recente da Tecnologia Mesh (Malha) (ver Wireless Mesh Networking).

O pessoal concluiu que era impossível - por questões de custos elevados - substituir as redes CDPD pelas tradicionais redes das famílias GSM e CDMA e partiram para a tecnologia Wi-Fi combinada com Mesh.

Agora como ficam os nossos amigos das operadoras de telefonia móvel no Brasil que insistem em dizer que Wi-Fi não é negócio para eles? Este é mais um nicho que eles não estão sabendo explorar.

Em todo o mundo, a tecnologia Wi-Fi virou coqueluche. Todos querem ter redes sem fio em suas cidades e já tem até gente falando em conectar o país inteiro.

Na prática, uma Cidade Wireless serviria para:

Pagar um ticket de estacionamento utilizando um Smartphone;

Solicitar mercadorias e serviços em um shopping;

Permanecer mais tempo em uma cidade aonde é possível pagar serviços e mercadorias utilizando dispositivos móveis;

Acessar informações e serviços pelos handhelds;

E em futuro próximo, as pessoas poderiam levar vantagem da tecnologia de Seamless Handoff. A Wi-Fi Alliance já está apostando nisto: Wi-Fi Alliance targets Wi-Fi-cellular convergence e a SBC Communications - 2ª maior operadora de telefonia fixa dos Estados Unidos - já avisou que em 2006 estará nessa: SBC To Use Wi-Fi To Extend Cingular's Reach do The Feature.

Fazendo um passeio por experiências e devaneios das Cidades sem Fio no mundo temos os exemplos:

Uma das primeiras cidades a considerar esta opção foi Salida no Colorado, mirando logo os Serviços Policiais: Police Use Vivato. Depois vieram muitas outras e o volume de investimentos cada vez aumentando mais. Long Beach e São José, na Califórnia, não ficaram atrás. Veja mais em San Jose Free Cloud.

A cidade de Pune na Índia também se transformou em uma Cidade Wi-Fi (será que é um novo neologismo?): WiFi City.

Hermosa Beach na Califórnia foi bastante aventureira na sua aposta: Hermosa Mayor at SOCALWUG. Ainda na Califórnia, a cidade de Cerritos, que com seus 51.000 habitantes não tem banda larga convencional em ADSL, se vingou apostando no "Cobertor Wireless": Cerritos Goes Live.

A Cidade de Spokane, em Washington, utilizou sua "Nuvem Wireless" para suportar Serviços Comunitários da Cidade e alavancar a economia local: Vivato Unwires Spokane.

Indianápolis que ser uma das dez cidades mais conectadas: Indianapolis Goes for Top Ten Cloud desbancando qualquer uma da lista das "Mais Dez Conectadas" da Intel (ver 2004 Most Unwired Cities).

A pequena Cidade de St. Cloud na Flórida montou a sua rede acesso a internet grátis com a ajuda da HP: Saint Cloud.

A Cidade de Houston montou uma rede de banda larga sem fio com a ajuda da Siemens, Intel e Alvarion com a colaboração de setores de governo, empresas de negócios e instituições de educação: Wireless Houston County.

A cidade de Nova York quer investir US$ 1 bilhão de dólares em uma rede sem fio de alta velocidade para ser utilizada para serviços de polícia, bombeiros e serviços de emergência médica como também para controle de sinais de trânsito e suporte na localização de veículos ($1B Wireless Cloud for NYC).

Los Angeles, a maior cidade da Califórnia, também entrou na festa das redes sem fio (L.A. Plans City-Wide Cloud). A título de exemplo, aqui está a RFP lançada na licitação de Los Angeles. Veja também uma excelente referência sobre o assunto de Redes sem Fio nas Cidades (Muniwireless). São Francisco e Los Angeles continuam dando bons exemplos: SF/LA WiFi Cloud.

A cidade de Filadélfia está investindo os seus US$ 10 milhões nas redes sem fio (Philadelphia Plans $10M City Cloud), caso que provocou uma boa matéria da Revista de Tecnologia do MIT (Who Pays for Wireless Cities?). Veja mais sobre Wi-Fi em Filadélfia no Muniwireless: Philadelphia citywide: Wi-Fi at 50% off e Philadelphia to deploy citywide wireless broadband network.

No USA Today mostrando como as pequenas cidades estão investindo em redes de alta velocidade. Veja aqui: USA Today on Municipal Broadband e Small towns tired of slow rollout create own high-speed networks.

Aqui mais algumas referências genéricas para incrementar sua pesquisa: MuniWireless City-Cloud Report, City Cloud Enablers e More City Clouds.

Na Europa, Paris diz a que veio (Rain In Paris Cloud), enquanto a cidade austríaca de Bregenz alardeia que o título da "Primeira Cidade sem Fio do Mundo" é dela (What Does It Take To Be A Mobile City? do The Feature).

E por que me assustei e disse que quero que o "Mundo Tem que Parar para Eu Descer?". A resposta está em Unwired Countries. Desta vez não são mais as cidades são países inteiros querendo instalar suas redes sem fio. O primeiro caso vem de Taiwan que quer investir US$ 1,1 bilhão no seu Projeto M-Taiwan.

Finalmente, para vocês terem uma idéia da importância que o mundo está dando ao fato Wireless nós tivemos em menos de duas semanas apenas, as seguintes reportagens na grande mídia mundial sobre Tecnologias sem Fio: Wireless Society da Time Magazine e Wireless Life da CNN News endereçando uma matéria específica para as "Nuvens sem Fio" nas cidades em Cities find Wi-Fi future.

Agora faço aqui uma pergunta que não quer calar: o que falta para os governos federal, estadual e municipal seguirem alguns dos bons exemplos acima? Responda você mesmo.

[*] A frase "Pare o Mundo que eu Quero Descer" é do falecido cantor e compositor Raul Seixas, que consta na música "Eu também vou reclamar" de sua autoria.

original: http://idgnow.uol.com.br/AdPortalv5/ColunistaInterna.aspx?GUID=E2F60AA3-AFA8-4013-AE84-223F461530A4&ChannelID=21080130