sexta-feira, junho 11, 2004

Sobre o comportamento de brasileiros no Orkut

Nosso amigo fica um pouco irritado com certa má educação típica de alguns brasileiros – fazer posts idiotas para todos os amigos dos amigos e assim tornar inviável a leitura das mensagens

Eu odeio os brasileiros malas do Orkut. É. Eu odeio.

Mania de brasileiro achar que americano não liga para nós e que isso está errado. Você sabe qual a capital da Albânia? Não? Pois é. Nós brasileiros não damos a mínima para os albaneses. Se um dia tiver amigos lá, vou tratar de me informar um pouco mais (provavelmente, até terminar de escrever isto eu já terei dado uma espiada em alguma enciclopédia para ver qual é a capital da Albânia).

Nos últimos dias eu tenho visto um aumento pronunciado no nível médio de estupidez na net. As pessoas são, no geral, estúpidas - eu não tenho ilusões a esse respeito desde minha adolescência. Meu maior problema é que, quanto mais estúpida a pessoa, mais barulhenta ela é - mais comunidades cria, mais mensagens posta, mais barulho faz. A cada estúpido barulhento que eu vejo, minha fé na humanidade morre um pouco. Isso eu não perdôo.

E quanto mais barulho os brasileiros estúpidos fazem, menos as pessoas (eu inclusive) gostam dos brasileiros em geral.

Isso vale para todos os povos, a propósito. Outra hora eu traduzo o texto pro inglês para que estúpidos barulhentos de todo o mundo possam lê-lo.

O Orkut é ruimOutro dia vi um imbecil (não posso dar outro adjetivo sem mentir) reclamar que as estatísticas do Orkut não são divididas por estado no caso do Brasil.

Poupem-me, por favor.

Eu não sei de cor os nomes dos departamentos da Argentina (já acho que sei muito por saber que é assim que eles chamam os "estados" deles) e metade do meu carro foi feito lá. Do Japão, eu só lembro das ilhas de Hondo e Hokaido. Meu telefone foi feito na França e eu nem sabia que valia a pena economicamente fazer celulares lá. Eu não saberia dizer os nomes de 20% dos estados dos EUA (e eu converso com um monte de gente que mora lá). Porque diabos eles têm que saber os nomes dos estados brasileiros? Quem, além de brasileiros, se interessa por isso?

Ah... Mas somos a segunda maior comunidade do Orkut.

E daí? O que é que eles têm com isso? Que bom que somos – sinal de que temos muitos amigos (ou que somos menos seletivos), de que somos um povo saudável, de que cultivamos as virtudes da amizade e da cortesia e que gostamos, de verdade, do nosso próximo. Bom para nós.

O que não dá é ficar cobrando que um serviço gratuito (alimentado pelos seus dados) se desdobre para acomodar as necessidades de uma população específica. O Orkut (site) é do Orkut (pessoa) e ele faz com ele o que bem entender. Ele e seus padrinhos corporativos (o povo do Google) já fazem bastante mantendo a coisa de pé. O Orkutês

Qual a língua do Orkut? Assim, a primeira vista, eu diria que é inglês. As interfaces estão em inglês, os botões estão em inglês – tudo, exceto as mensagens, está em inglês.

Alguns americanos gostam de reclamar do número de comunidades com mensagens e títulos em português. Quando eu procuro alguma informação, eu procuro algo em alguma língua que eu entenda. Quase todos nós (os que me lêem ao menos), entendemos um pouco, pelo menos, de inglês. É a segunda língua de quase todos os povos. Justo ou injusto, bonito ou feio, é um fato da vida. Coitadinhos dos americanos (e de mais meia dúzia de países) que só falam uma língua. O fato de existirem comunidades em alemão não me incomoda, embora eu seja tão fluente em alemão quanto um orangotango. Eu respeito e acho absolutamente normal que os alemães prefiram escrever em sua própria língua. Eu, por exemplo, escrevi esse texto em português, que, embora não seja a primeira língua que eu aprendi, é aquela em que eu me expresso melhor.

De qualquer modo, o fato de existir uma língua na qual podemos todos nos comunicar, é extremamente significativo e é um passo na direção certa. Não me importa se é inglês, esperanto ou klingon. A língua é uma ferramenta. Se eu quero falar com pessoas de vários países ao mesmo tempo, eu uso o inglês – as chances de ser entendido serão maiores e ser entendido é o que eu quero. Se eu precisar falar com um bando de fãs de Star Trek, por exemplo, klingon seria uma segunda opção.

As comunidades

Os brasileiros também parecem adorar criar comunidades. Isso é um porre. O cara é convidado pro Orkut (devia dar para ver quem chamou esses malas), se cadastra na comunidade "Brasil" (ou fica amigo de um daqueles carentes "eu quero ter um milhão de amigos") e manda uma mensagem para todos na comunidade (ou pior, para os amigos dos amigos, todos os 100 mil) dando conta da importantíssima e absolutamente única comunidade dedicada a falar daquele assunto que o fascina profundamente (e que não interessa a mais ninguém).

E depois o cara ainda me chama de mal-educado (ou nazista) quando eu conto para ele o que a essa altura não deveria ser novidade – que ninguém mais no mundo se interessa por aquilo e que ele, felizmente, é o único ser humano desperdiçando tempo com aquilo.

Xenofobia e ressentimentos

Eu não entendo o que Bush tem com tudo isso.

É esquisito, mas ele (e os militares mal-comportados) sempre acaba no meio dessa discussão. O homem é um imbecil. Isso não quer dizer que o povo todo do país dele seja – embora terem permitido que ele fosse eleito não fala muito a favor deles. O fato é que não se pode colocar todo um povo no mesmo saco que seu líder. Acidentes acontecem e ele é um. Eu ainda não decidi se ele é um imbecil bem-intencionado, um imbecil mal-intencionado ou um imbecil sendo manipulado por alguém muito mal-intencionado. Tomei a liberdade de descartar de antemão a possibilidade dele não ser um imbecil: eu não consegui me fazer acreditar nela.

Muitos americanos parecem ter medo do resto do mundo. Pudera – não conhecem. Para eles nós somos os atrasados, os esquisitos, os populistas, os socialistas, as republiquetas encravadas na selva.

A melhor forma de se combater o medo é com a informação. E nós não estamos ajudando em nada.

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