terça-feira, janeiro 16, 2007

Dose mínima de felicidade

Ontem perdi de novo na loteria. Era uma mega e pagava quase R$ 250 milhões, uma fortuna instantânea, destas que costumam trazer infelicidade e até morte. Veja o caso do vencedor da Mega Sena brasileiro assassinado esta semana.

Fortuna súbita mata aqui também, dizem os jornais, e os métodos mais comuns são alcoolismo e outras drogas, mas há vários casos de crimes em família.

Wiliam Post ganhou quase 40 milhões na loteria da Pensilvânia e um irmão mandou matá-lo para herdar a fortuna. Post escapou do assassino, mas não do destino miserável. Morreu sem dinheiro suficiente para pagar pelo próprio enterro.

Billie Harrel Jr. se matou dois anos depois de ganhar 70 milhões na loteria do Texas. Evelyn Adams ganhou duas vezes a loteria de Nova Jersey, quase R$ 15 milhões, mas hoje, falida, vive às custas do Estado.

Bem-Estar Geral

Os casos de infelicidade com fortunas súbitas são intermináveis, mas quando você pergunta aos ricos e aos pobres se eles são felizes, muito mais ricos dizem sim do que pobres.

A Busca da Felicidade foi o filme de maior bilheteria nesta virada de ano e "A Felicidade" - e como medi-la - foi a capa da revista The Economist na edição dupla de fim de ano.

Eu li a revista em busca do medidor de felicidade e, é claro, ele não foi ainda inventado. Mas aprendi que David Cameron, líder do partido conservador na Inglaterra, famoso pelos valores materialistas, propõe que o índice do PNB - Produto Nacional Bruto - seja substituído pelo índice do BEG - Bem-Estar Geral.

Desde 1972 os americanos respondem a pelo menos uma pesquisa sobre felicidade e a pergunta é simples: hoje você está muito feliz, mais ou menos feliz ou pouco feliz?

Embora o país tenha mulplicado suas riquezas nestes 35 anos, o número de felizes continua do mesmo tamanho.

"É um paradoxo", conclui o ensaísta da The Economist. Os países ficam muito mais ricos, mas a felicidade dos habitantes continua do mesmo tamanho.

Psicologia Positiva

Esta conexão da felicidade com o dinheiro também entra pelo universo acadêmico. O curso mais procurado de Harvard é o de Psicologia Positiva.

Os professores também não têm um medidor preciso, mas fazem uma distinção essencial entre sentir bem e fazer o bem.

Quem está se sentido bem não é necesariamente feliz e sempre quer mais, é uma sensação insaciável. Quem faz o bem, com dinheiro ou sem dinheiro, este sim, é feliz.

Eu vou continuar jogando na mega e, se ganhar, prometo fazer minha felicidade distribuindo dinheiro, mas em doses mínimas. Não quero matar ninguém.

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