quarta-feira, abril 13, 2005

OMS manda destruir vírus mortal enviado por engano ao Brasil

A Organização Mundial da Saúde orientou mais de 3,7 mil de laboratórios em 18 países - incluindo o Brasil - a destruir amostras de um vírus causador de uma gripe mortal que foram enviadas por engano por uma instituição dos Estados Unidos. Trata-se do vírus que causou a “gripe asiática” que matou 4 milhões de pessoas em 1957, mas desapareceu por volta de 1968. A OMS disse os laboratórios no Brasil já foram notificados de que as amostras devem ser destruídas. O Ministério da Saúde também foi alertado para acompanhar a destruição das amostras.

O principal especialista em gripe da OMS, Klaus Stohr, disse que embora "haja um risco, não é preciso assustar-se", já que os laboratórios estão habituados a tratar com material perigoso e adotam medidas de segurança. "Os riscos para a população em geral são baixos". Segundo a OMS, é pequeno o risco de que algum funcionário dos laboratórios seja infectado pelo vírus, mas, se isso acontecer, sua disseminação pode ser muito rápida. “Se o vírus escapar, pode facilmente ocorrer uma epidemia”, disse Stohr. A situação seria agravada porque ninguém nascido depois de 1968 teria anticorpos contra o vírus, cujo nome técnico é H2N2.

As amostras fazem parte de kits usados em testes e que foram distribuídos por uma empresa norte-americana a pedido do Colégio Americano de Patologistas, que auxilia laboratórios a realizar experiências na área. No dia 8 de abril, o governo norte-americano pediu ao órgão que escrevesse aos laboratórios que as receberam e os orientasse a destruir as amostras. A maioria fica nos Estados Unidos. Por medo de que pudesse ser usado em um ataque terrorista com armas biológicas, as cartas foram enviadas antes que o erro viesse a público.

A OMS alertou que não há como garantir que todas as amostras sejam destruídas, pois alguns dos laboratórios podem ter enviado colônias desenvolvidas por eles para outras instituições. Os kits são usados para os laboratórios testarem a capacidade de identificar corretamente os variados tipos de vírus. Normalmente, eles incluem apenas vírus em circulação ou que deixaram de existir ao natural há pouco tempo.

Neste caso, o H2N2 havia sido classificado como nível de segurança biológica 2 - o que significa que não era considerado perigoso. Mas a agência do governo norte-americano que classifica os vírus estava em processo de reavaliação do H2N2 quando descobriu que os kits já haviam sido distribuídos.

original: http://www.estadao.com.br/internacional/noticias/2005/abr/13/37.htm

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