terça-feira, agosto 09, 2005

Pai da cibernética critica planos de robô-soldado

O cientista e pacifista americano de origem alemã Joseph Weizenbaum, pai da cibernética, criticou hoje em Berlim o multimilionário projeto dos Estados Unidos para criar um robô-soldado antes de 2015. Weizenbaum, professor emérito do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e fundador, em 1965, de seu célebre laboratório de Ciências da Computação, disse que o governo de Washington está investindo milhares de dólares no projeto e utilizando a capacidade científica deste instituto, com sede em Cambridge (nordeste dos EUA).


"Não sei a quantidade exata de dinheiro, mas considero que entre 60 e 70% do orçamento do MIT estão sendo canalizados para os setores armamentistas e militares dos Estados Unidos", disse Weizenbaum em palestra no Instituto Max Planck de História das Ciências.

"O governo de Washington não apenas utiliza sua capacidade, como também se aproveita da vaidade de nossos cientistas que se vêem seduzidos pelo projeto e inflam seus egos quando se sentem próximos ao poder", criticou Weizenbaum na conferência "Cientistas entre a guerra e a responsabilidade", para marcar o 60º aniversário dos bombardeios atômicos americanos em Hiroshima e Nagasaki (Japão) em 1945.

O governo dos Estados Unidos se propõe a criar até 2015 um robô com maior poder destrutivo e a um custo de apenas 10% do de um soldado humano. "Muitas vezes meus alunos me perguntam sobre o que fazer nestas situações, e eu lhes digo que reflitam profundamente sobre os objetivos daquilo que estão estudando e experimentando; antes de apertar o botão para pôr em marcha um projeto meditem sobre os resultados que pretendem alcançar", disse Weizenbaum.

"No entanto, o projeto belicista de Washington é tão fascinante para os cientistas - aquele que Robert Oppenheimer (projeto atômico Manhattan de 1945) chamava 'ciência doce" ("sweet science") - e o pagamento é tão satisfatório, que poucos resistem à tentação", lamentou Weizenbaum.

Joseph Weizenbaum nasceu em Berlim no ano de 1923, e em 1936 teve que emigrar com sua família, de origem judaica, para os Estados Unidos fugindo do regime nazista de Adolf Hitler. Nos Estados Unidos, já como estudante, Weizenbaum teve a oportunidade de assistir a uma palestra do cientista Albert Einstein, que também havia fugido da Alemanha no final de 1932.

"Desde então, e desde que Einstein assinou a declaração contra o armamentismo junto com o matemático e filósofo Bertrand Russell, em 1955, me converti em cientista dissidente, o que sou até hoje", afirmou o pacifista americano.

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